Por LEOPOLDO VIEIRA, membro da Direção Nacional da Juventude do PT, assessor da Secretaria de Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento e editor do blog Juventude em Pauta!
O PSDB nacional sempre foi o maior opositor à entrada da Venezuela no Mercosul, especialmente o senador rejeitado nas urnas, Tasso Jereissati (CE), e seu atual líder, Álvaro Dias (PR), apesar de o ingresso do país bolivariano representar a união dos três maiores PIBs da América do Sul num mesmo bloco econômico, a formação de uma linha de prosperidade que une BRICS e OPEP e a integração da Patagônia ao Caribe, com maiores facilidades para uma via de escape da produção ao Pacífico. O apoio de FHC ao golpe paraguaio e a ação no STF contra a decisão da reunião de Mendonza são os maiores ícones disso. Nenhuma grande novidade, já que a eles, conforme foram coerentes em seus governos à frente do Brasil, foram adeptos do alinhamento automático com os Estados Unidos.
O que chama atenção é o PSDB paraense, no comando do Executivo local, não emitir nenhuma opinião contrária a isso, já que, comprovadamente, a adesão venezuelana, concretizada, significa, enfim, a integração da Região Norte ao bloco, com enormes possibilidades de negócios e investimentos para sua maior economia, o estado do Pará.
Digo isso porque, já no governo Jatene, com o objetivo de ampliar a relação comercial desenvolvida durante o governo de Ana Júlia, o então secretário estadual de Agricultura, Hildegardo Nunes, juntamente com o presidente da Associação Paraense dos Criadores de Búfalos (APCB), em reunião com a cônsul da Venezuela em Belém, manifestou o interesse do Governo do Pará em manter e expandir a parceria e a cooperação técnica com os venezuelanos.
Em 2010, o mercado do Pará com a nação liderada por Hugo Chávez, marcou uma tendência de crescimento vigorosa. Até 2006, nós exportávamos para eles não mais do que 170 milhões de dólares. Em 2008, este montante dobrou, chegando aos 334 milhões.
Durante o governo do PT, foi realizado, em parceria com o Banco do Comércio Exterior da Venezuela (Bancoex), o seminário "Missão Comercial Norte do Brasil" e, em abril daquele ano, o presidente Hugo Chávez reuniu todo o seu Ministério para receber a governadora Ana Júlia e sua comitiva no Palácio Miraflores para assinar cooperação nas áreas de energia, ciência e tecnologia, agricultura, povos indígenas, transporte, educação superior e turismo, cultura e esporte.
Na visita de devolutiva, em Belém, logo em seguida, na área do turismo, foram analisadas rotas de turismo de duas mãos e ações em cooperação com a Paratur.
Na cooperação desenhada, abriu-se o caminho para o Pará exportar massas, biscoitos e outros produtos alimentícios, que, sabemos, são industrializados e possuem matriz estadual, além de,
na área da agropecuária, ovinos, caprinos, bubalinos, soja, mandioca, palma e frutas tropicais.
Na área das comunicações, foi discutido o compartilhamento do satélite Simon Bolívar, com ações no âmbito do criminosamente extinto programa paraense NavegaPará, e a integração de órgãos públicos via internet de alta velocidade. Em troca, o governo venezuelano usaria programas de computador desenvolvidos pela Empresa de Processamento de Dados do Pará (Prodepa). Ou seja, uma perspectiva que abriu a janela de o estado não ser apenas um exportador de commodity. Com o Mercosul, o Pará poderá entrar na agenda do planejamento federal de integração sul-americana, com boas possibilidades na área de infra-estrutura para não apenas fomentar a economia local, mas estimular um progresso com valor agregado, para vender num mercado de 30 milhões de cidadãos.
Em dezembro de 2009, parte dos números da troca comercial foram assim: 1.478 animais (búfalos) foram exportados, 40% oriundos de pequenas propriedades, pagando por cabeça, R$ 3 mil, quase 200% a mais do que o valor pago na região. O que demonstra não só uma troca vantajosa, mas a potencialização, no meio rural, por exemplo, de um novo modelo de produção agrícola, sustentável, linha-mestra da segurança-alimentar e distribuidora de renda.
Fora tudo isso, a integração é a porta para incluir a Amazônia e o Pará na meta das cidades contempladas prioritariamente no Plano Nacional de Banda Larga, aproveitando o anel de fibra ótica que interliga o Brasil à Venezuela e para a pressão e negociação para a instalação de uma Zona Econômica Especial (ZEE), como a autorizada para o Acre, que prevê isenção fiscal para a instalação industrial para a exportação, tendo como contrapartida do estado prover a segurança e a infra-estrutura.
Tudo isso sem falar nas possibilidades para Belém, que passaria a ser, de fato, uma Mercocidade, as trocas na área da vitoriosa política social venezuelana ou, mesmo, em projetos de prospecção de petróleo - que suspeitamos existir em nosso subsolo, não à toa incorporado à sanha especulativa de Daniel Dantas - e geração de energia.
Sendo assim é bom ou ruim para o Pará a Venezuela no Mercosul?
Vamos discutir os interesses do estado como um todo, tal como no caso da taxa especial sobre a mineração e a necessidade da cobrança pelo uso da água pelas mineradoras, ou certos setores da política paraense farão coro à politicagem neoliberal?
Esse debate, inclusive, deveria ser objeto da análise e das escolhas estratégicas e programáticas das eleições municipais, pelo menos, nos maiores centros urbanos parauaras.
Humm "assessor da Secretaria de Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento"; que "boquita" hein cumpanheru?!
ResponderExcluirBrasil, um país de todos, pero no mucho.
Isso sim que é reflexão estratégica.
ResponderExcluirMuito bem colocado, devia mesmo ser tema da campanha eleitoral assim como a questão da mineração.
Besteira pq no final vai ficar naquela fulanização mediocre
Hummm anônimo, desde quando ser do Estado é estar em silêncio obsequioso?
ResponderExcluirEngula sua tucanidade despeitada
Sim, travamos disputa política
Venezuela no Mercosul é oportunidade para Minas Gerais
ResponderExcluirPublicado por Caroline em 9 de julho de 2012 às 15:30 | Comentários 0
Hugo Chávez é um falastrão, dizem alguns. Outros o consideram ditador. Está se tornando uma encrenca política para o Mercosul. Mas, ideologia à parte, a entrada da Venezuela como membro pleno do bloco representa, na avaliação de especialistas, a abertura de novas e boas oportunidades de negócios para a indústria e agronegócios de Minas Gerais e do Brasil.
Com Chávez, a Venezuela direcionou seu comércio exterior para a América do Sul. As exportações brasileiras para o país vizinho saltaram de US$ 706 milhões em 1998 para US$ 5,1 bilhões em 2008, segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Venezuela. Neste ano, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as exportações para o país estão crescendo 40% em relação ao ano passado, quando atingiram US$ 4,6 bilhões. Minas pode surfar na onda bolivariana.
Venezuela de Hugo Chávez altera o jogo dentro do Mercosul
“Hoje, o comércio entre Minas e Venezuela não é muito expressivo. Mas não há dúvida de que a entrada da Venezuela no bloco é vantajosa do ponto de vista comercial e dará mais competitividade aos produtos mineiros”, diz Elisabete Serodio, coordenadora especial de Comércio Exterior da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede).
Uma olhada na pauta de exportações mineiras para o país vizinho neste ano mostra o potencial de oportunidades: o carro-chefe das vendas é trator, seguido por autopeças, veículos de carga, motores e aços laminados. São produtos de alto valor agregado fabricados por grandes empresas, como Iveco, Fiat, V&M Tubes, Magnesita e General Electric (GM). No ano passado, destacaram-se produtos como café, açúcar, milho, lácteos e aves.
As vendas mineiras para a terra de Chávez cresceram 833,6% entre 2003 e 2011. De janeiro a junho deste ano, foram US$ 139 milhões.
Fonte: Hoje em Dia
Hahahaha a inveja doi mas não mata
ResponderExcluirOportunidades de negócios com a Venezuela chavista que não respeita os contratos que assina só pode ser piada de mau gosto. Artigo falacioso e, portanto, inútil.
ResponderExcluirSe o governo Jatene não se espertar, o Pará vai perder as excelentes oportunidades de negócios no Mercosul com a Venezuela para Manaus e Roraima. Manaus já tem projetos de infra-estrutura portuária em curso voltado pro país do Chavez e Roraima é o único estado do Norte com conexão terrestre com a Venezuela.
ResponderExcluirAo anônimoo das 18:26 - Os EUA são campeões em respeito aos contratos, não é mesmo?
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