Da leitora Adelina Braglia, presidente do Idesp, sobre a postagem "Mata esses vagabundos". É a lei da selva.:
Não sou partidária feroz de que a miséria explica, sozinha, a violência e a bárbarie, mas sou obrigada a lidar com números diariamente, ainda que a obrigação contenha relativo prazer em compreender as questões, acima e a par das emoções.
Vivemos numa cidade(?) onde a taxa de pobreza é de 18,20% e onde a população jovem (15 a 24 anos) representa 20% da população total.
Da população total de Belém, 600 mil pessoas não têm instrução ou têm apenas ensino fundamental incompleto.
As mudanças brutais no mercado de trabalho, a partir dos anos 90 do século passado (céus!), acarretaram mudanças também nos perfis de ocupação.
Exige-se hoje conhecimento de informática ou de língua estrangeira para postos de trabalho que, por definição, não requereriam essa capacitação. O que faz com que ela persista é o imenso exército de jovens desempregados. E desses jovens desempregados, oriundos na maioria das famílias pobres, quantos têm conhecimento de língua estrangeira ou habilidades em informática?
A eles resta o trabalho de balconista no comércio, de empacotador no supemercado, de frentista de posto de gasolina, recebendo baixos salários e sendo dizimados pelo cansaço do cotidiano e do "excelente" transporte público que, no geral, nem sequer lhes permite estudar à noite.
Assim, como darão conta de serem cidadãos, quando este conceito misturou-se tanto ao de consumidor, ou seja, aquele que tem um tênis "da hora", um celular "maneiro"? Roubar para ter? Não, eu não considero isso bom, mas não tenho convicção de que meu desejo de "bondade" responda à marginalização total da juventude que não se encaixa no perfil de "consumidor".
Do outro lado da ponte, os pontos e bocas de fumo, que selecionam entre esses jovens seus aviõezinhos e que florescem a olho nu, acenando com um pagamento semanal maior do que o salário mensal dos postos de trabalho a que eles têm acesso. Não somos capazes, o estado brasileiro e a sociedade, de resolver isto.
Assim, é hipócrita a sanha dos que gritam "lincha e mata". Seria melhor que dirigissem essa energia para analisar situações e propor soluções.
Abração, Paulo.
Que a vida nos seja leve.
Adorei essa frase da doutora Bia: "Não somos capazes, o estado brasileiro e a sociedade, de resolver isto."
ResponderExcluirRevela que por trás dos cargos públicos (especialmente os de livre nomeação e exoneração) estão, geralmente, incompetentes.
Mas discordo de que a culpa seja da sociedade. Afinal, pagamos tributos para que?
Bom dia, caro Paulo:
ResponderExcluiro horizonte do Anônimo das 13:13 está na ilha do Combú (sem ofensa à ilha).
É comodo excluir-se da sociedade quando se trata de assumir a responsabilidade coletiva pela garantia da cidadania. É comodo incluir-se nela quando se trata de reivindicar "direitos".
Quanto aos que ocupam cargos públicos de livre nomeação e exoneração, são tal e qual os que os ocupam no conjunto da sociedade: há os competentes e os nem tanto. A diferença é que no setor público os incompetentes podem ser exonerados e no conjunto da sociedade temos que suportá-los. Assim é ademocracia. Felizmente.
Abração, Paulo.
Pagamos tributos para ver quem deveria trabalhar pela sociedade fique trocando comentários em blog.
ResponderExcluirSerá que o horário de expediente só inicia após 11:16.