quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Brasil virou um Paraguai. O Paraguai é aqui.

Ainda é preciso, fora de brincadeira, que alguém explique devidamente o que significa esse golpe no Paraguai.
Por golpe no Paraguai, leia-se a deposição de um presidente por meio de um processo de impeachment.
O processo de impeachment - decorrente de "mau desempenho das funções" do então presidente Fernando Lugo - é previsto na Constituição paraguaia.
O processo transcorreu normalmente.
Reconhecem-no todo mundo: até Fernando Lugo, o deposto.
E os paraguaios?
E o povo?
E as masssas, aquelas que, em tese, ainda apoiavam Lugo e se viram orfãs dele, uma vez deposto?
As massas, estas estão quietas.
Tocam suas vidas.
Não há tumultos no Paraguai.
Não há barricadas nas ruas.
Não há confusão.
Não há repressões porque não há o que reprimir.
E aqui pelo Brasil?
Parece até que o Paraguai - o dos rebeldes sem causa, ou dos rebeldes sem Lugo - é aqui.
Para até que o Brasil se transformou no Paraguai dos sonhos daqueles que sonhavam com uma resistência armada, rebelde, heróica, revolucionária dos paraguaios ao golpe, digamos assim, constitucional que depôs Lugo.
Aqui, neste Brasil que virou Paraguai, tenta-se disseminar a balela de que Lugo foi vítima de um golpe da direita (hehehe).
Está bem.
O Brasil, motivado nesse sentido, está para aderir a sanções porque o Paraguai afastou um presidente por meio de processo claramente previsto na Constituição. E que foi respeitado, repita-se.
E as sanções do Brasil contra Cuba, por exemplo, uma ditadura que mantém prisioneiros políticos?
E as sanções do Brasil contra a Venezuela, onde Hugo Chávez mandar bater, prende e arrebenta jornalistas?
E as sanções do Brasil contra essa ridícula, caricata, estabanada Cristina Kirchner, que sufoca a Imprensa independente do país, que ousa criticar o governo dela, e manda prender quem ouse divulgar índices de inflação diferentes daqueles - mentirosos, falsos, irreais, fictícios - que seu governo divulga?
O Brasil não se mete nesses assuntos porque, já disseram e dizem tantos esquerdistas daqui, é assunto interno deles. É assunto que diz respeito à soberania desses países.
E o impeachment no Paraguai, não é assunto interno do Paraguai?
Não tem a ver apenas com a Constituição paraguaia, que foi seguida, repita-se?
E então, alguém pode explicar melhor esse golpe no Paraguai?

3 comentários:

  1. Alô Torcida Azulina! Alô Fenômeno Azul! Tá passando da hora de pedirmos (ou seria exigirmos?) o impeachment da diretoria do nosso querido CLUBE DO REMO !!

    Por muito menos, um presidente sulamericano foi posto pra correr; estamos assistindo bovinamente à seguidas diretorias afundarem cada vez mais nosso clube.
    E todas elas, as diretorias, usando e abusando de explorar o bolso e o coração do maior patrimônio: a imensa torcida azulina, ofecendo em troca a interminável sucessão de vexames e descrédito ao sagrado manto azul marinho!!
    Até quando vamos assistir passivamente tanta incompetência, tanta mesmice e tanto vexame dos mesmos que "se acham" donos do Clube do Remo??!!

    Renovação total imediata!
    Fora pseudo-donos, cardeais, padres, grandes e mega-giga beneméritos e conselheiros omissos e ausentes!!
    Fora diretores de araque que teimam em colocar suas briguinhas e ciumes acima da grandeza do Leão Azul!

    Acorda Torcida Azulina!
    A hora é essa! agora! Já!

    ass: um torcedor cujo coração azulino não suporta nem merece mais tanto vexame.

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  2. O Paraguai agora é aqui,
    O Haiti é aqui,
    A Síria e sua guerra civil mais do que nunca é aqui, pois o número anual de assassinatos no Brasil é maior que muitas guerras civis tão lamentadas pelo "mundo civilizado"...

    Pombas, então, onde está

    o "Brasil Celeiro do Mundo",

    o Brasil "das aves que aqui
    gorjeiam não gorjeiam como lá",

    o Brasil da "Criança! Não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que ... Criança! Quiçá, um dia, jamais verás um país como este!"???

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  3. O crime perfeito contra Lugo

    Clóvis Rossi – FOLHA SP

    Peça de acusação contra paraguaio diz que não é preciso apresentar provas. Como defender-se?

    O sociólogo Felippe Ramos (Universidade Federal da Bahia) fez para o site da revista “América Economia” o que os jornalistas deveríamos ter feito antes: visitou a peça de acusação que serviu para o fuzilamento sumário do presidente Fernando Lugo.

    Fica evidente que Lugo estava condenado de antemão. No item “provas que sustentam a acusação”, se diz que “todas as causas [para o impeachment] são de notoriedade pública, motivo pelo qual não precisam ser provadas, conforme o ordenamento jurídico vigente”.

    Como é que Lugo -ou qualquer outra pessoa- poderia provar o contrário do que não precisa ser provado? Impossível, certo?

    O processo pode até ter seguido as regras constitucionais e o “ordenamento jurídico vigente”, mas, nos termos em que foi colocada a acusação, só pode ser chamado de farsa. Veja-se, por exemplo, a primeira das acusações: Lugo teria autorizado uma reunião política de jovens no Comando de Engenharia das Forças Armadas, financiado por instituições do Estado e pela binacional Yacyretá.

    Se esse é argumento para cassar algum mandatário, não haveria presidente, governador ou prefeito das Américas que poderia escapar, de direita, de centro, de esquerda, de cima ou de baixo. Ademais, não consta que a Constituição paraguaia proíba o presidente ou qualquer outra autoridade de autorizar concentrações de jovens. Aliás, é até saudável que se estimule a participação política dos jovens.

    Mais: o evento foi em 2009. Se houvesse irregularidade, caberia ao Congresso ter tomado à época as providências, em vez de esperar três anos para pendurá-lo em um processo “trucho”, como se diz na gíria latino-americana.

    A acusação mais fresca, digamos assim, diz respeito, como todo o mundo sabe, à morte de 17 pessoas, entre policiais e camponeses, em um incidente mal esclarecido no dia 15 passado. Diz a acusação: “Não cabe dúvida de que a responsabilidade política e penal dos trágicos eventos (…) recai no presidente da República, Fernando Lugo, que, por sua inação e incompetência, deu lugar aos fatos ocorridos, de conhecimento público, os quais não precisam ser provados, por serem fatos públicos e notórios”.

    De novo, a acusação dispensa a apresentação de provas e condena por antecipação o réu, como faria qualquer república bananeira ou qualquer ditadura.

    Nem o mais aloprado petista pediu o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso por conta da morte de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás (Pará), em abril de 1996, no incidente que mais parentesco tem com o que ocorreu há duas semanas em Curuguaty, no Paraguai.

    É importante ressaltar que líderes dos “carperos”, os sem-terra paraguaios, disseram que os primeiros disparos no conflito do dia 15 não saíram nem deles nem dos policiais, mas de franco-atiradores.

    Enquanto não se esclarecer o episódio, qualquer “ordenamento jurídico” sério vetaria o uso do incidente em qualquer peça de acusação.

    Deu-se, pois, o crime perfeito: cobriu-se um processo sujo com o imaculado manto da Constituição.

    crossi@uol.com.br

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