Do jornalista Paulo Silber, sobre a postagem Dois Brasis, ao vivo e a cores, artigo da jornalista Ana Diniz:
Também assisti ao programa e me senti desconfortável.
Neste domingo, em que cedi aos apelos da paixão paraense, incorporado à torcida virtual que empunhou a bandeira de Bragança (afinal, sou de Marapanim, assim, assim com os bragantinos), justamente neste dia, em que me permiti uma tolerância improvável ao Domingão do Falastrão, eu me descobri um pobre perdedor.
Não pelo resultado da competição. O espetáculo de Prudentópolis foi melhor, mais colorido, sobretudo mais criativo. O elemento que acolchoa a disputa, sejamos justos, teve mais encanto lá embaixo do que aqui em cima. Falo da música. Roberto Carlos versus Calypso... é covardia!
O curioso é que nem um nem outro representa o traço cultural mais eloquente dos dois lugares. Mas, no meio dessa permissividade, se é para ser tolerante, Prudentópolis fez jus ao próprio nome e teve sensatez na escolha.
O mais desagradável, porém, foi a constatação de que o tempo passa, o tempo voa, mas a desinformação continua prevalecendo numa boa. Como disse Aldir Blanc, naquela música que Elis tornou imortal, o Brazil não conhece o Brasil. Pior: como no poema de John Donne, só a alguns, a que tal graça se consente, é dado ler o Brasil e compreendê-lo. A maioria não está interessada. Em programas como este, a TV Globo não é a melhor exegeta das entrelinhas do País, mas é caprichosa na hora de confundir mandioca com milho.
Na aldeia global, parecemos sujos, maltrapilhos, feios, desastrados, desorganizados. Em contraste com os sulistas desenhados em lápis de cera, nos resta a condição de exóticos. Como se a Globo nos desse o direito de ficar maculados. Com parágrafo único: podemos abusar desse direito!
É claro que o Paraná tem seus próprios contrastes e incertezas, limitações e pobrezas. Ou não faria parte do Brasil.
Ainda bem que a Ana escreveu sobre o assunto. É muito bom lê-la. Agora, sim, eu acredito que não sofri à toa.
O problema não é perder. O problema é que nós vamos continuar perdendo. O povo paraense somos perdedores (a verdade dói). A solucão? Nós não a queremos...
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