Olhem só.
A violência amedronta.
Humilha.
Desagrega.
Degrada.
A violência - tanto já se disse isso aqui mesmo no Espaço Aberto - dá-nos a sensação de que estamos abandonados.
Sós.
Desprezados.
Desprotegidos.
A violência nos relega à horrível sensação de que só nos resta fugir.
Mas fugir pra onde?
No último sábado, o repórter aqui passou por essas sensações todinhas.
No lapso de não mais que dez segundos, sentiu que sua vida estava por um fio.
Sentiu-se - e ainda se sente - amedrontado.
Humilhado.
Desprezado.
Desprotegido.
Presa da sensação de que só lhe resta fugir.
Mas pra onde?
No último sábado de manhã, por volta das 11h - às 10h50, para ser bem preciso -, o poster fazia a caminhada habitual na Praça Batista Campos.
Ao chegar, pela calçada, à esquina da Mundurucus com a Serzedelo, viu um revólver à sua frente.
Um revólver, sem tirar nem pôr.
Um bandido manuseava a arma, quase a encostá-la no peito do repórter.
"Fica quieto, fica quieto. E passa o cordão", disse o criminoso, enquanto arrancava o cordão do pescoço do poster.
A medalhinha do cordão caiu no chão.
O bandido começou a procurá-la.
Enquanto a procurava, o pavor tomou conta aqui do repórter, diante da possibilidade de que o bandido, aborrecido por não encontrar a medalhinha, disparasse um tiro, só de vingança por não tê-la encontrado.
Graças a Deus e a Nossa Senhora de Nazaré, tal não ocorreu.
"Bora, cara..., bora, cara...", dizia outro bandido, que estava numa moto, bem na esquina da Mundurus com a Serzedelo, aguardando o desfecho do assalto e agoniado porque o outro ainda se punha à procura da medalhinha que caíra na calçada.
Ao ouvir as intimações do comparsa, o assaltante desistiu da procura e ambos foram embora, levando cordão.
Esse relato está sendo feito aqui porque interessa, talvez, a centenas de leitores do blog que caminham ou frequentam habitualmente a Praça Batista Campos, muitos até mesmo acompanhados de filhos menores de idade.
Os que costumam caminhar pelo lado de fora da praça talvez devam rever suas preferências.
Os que fazem isso, como o poster sempre fez, expõem-se mais facilmente a ataques de bandidos.
Melhor, ou menos pior, é fazer o circuito que fica no interior da praça.
Perguntarão vocês: e onde estava a Guarda Municipal, na hora do assalto?
Sabe-se lá.
Quem sabe, naquela hora, a Guarda também não estaria sendo assaltada?
Ninguém está seguro em lugar nenhum de Belém.
Nem a polícia.
Nem a Guarda Municipal que, dizque, faz a guarda da Praça Batista Campos.
Isso é fato.
Mas às vezes pensamos que alguns locais são menos inseguros que outros.
O poster jamais imaginou que seria assaltado, com arma e tudo, durante uma caminhada na praça.
Mas foi assaltado.
Fica a lição.
E fica, infelizmente, a sensação de que a violência humilha.
Desagrega.
Degrada.
A violência dá-nos a sensação de que estamos abandonados.
Sós.
Só nos resta fugir pra Pasárgada.
Só nos resta ir embora pra Pasárgada.
E se lá estiver pior que aqui?
Lamento mto pelo ocorrido. Eu imagino o trauma porque já aconteceu comigo.
ResponderExcluirAgora, se na Batista Campos - bairro nobre - está acontecendo isso, imagina como está na praça da Cremação, Sta. Izabel, do Bengui, Praça da Bíblia, Complexo do Cidade nova 8, do 6 etc... Que ficam na periferia.
Isso é para os paraenses aprenderem a votar. Jatene e quem for indicado por ele nunca mais, nem para síndico.E o pior é que a imprensa comprada só faz repetir o discurso ufanista do governo.
ResponderExcluirMinha solidariedade ao poster! Já enfrentei o drama e sei bem como é o turbilhão de coisas horríveis que passa pela nossa mente nesses breves instantes.
ResponderExcluirDefendo a ideia de que, hoje, só nos resta evitar exposições públicas como essa, que nos deixa vulneráveis aos malfeitores.
Fim de semana, meu amigo, eu tenho medo - a palavra é exatamente essa, MEDO - de colocar os pés na rua. Só o faço em caso de necessidade mesmo. Até porque resido numa das periferias citadas pelo amigo das 10:46 aí de cima.
Pobreza e exclusão social justificam o aumento da violência? Em parte, apenas. Fato é que existe um estímulo na programação televisiva para a prática do mal: novelas, filmes e programas sensacionalistas formam um verdadeiro "Manual do Crime", ensinando passo a passo como roubar, sequestrar, estuprar, matar.
Engraçado é que, depois, essa mesma mídia cobra das autoridades uma solução. Com que moral?
Veja a nova novela das 21h, por exemplo: a trama gira em torno de VINGANÇA. Ok, ok, educar crianças e jovens é dever da família e da escola, todos sabemos. MAS o papel da mídia na educação também é relevante, não pode ser menosprezado.
O caminho para mudar essa realidade não é a censura, mas a iniciativa espontânea dos próprios agentes produtores de entretenimento.
Desculpe se misturei um pouco os assuntos, é porque eu realmente acredito que tudo está interrelacionado. Abraço!
Lamento, querido poster, o assalto de que fostes vítima.
ResponderExcluirO assalto ocorrido em plena luz do dia significa que o Governo do Pará está perdendo a luta contra a marginalidade. Too bad.
É, meu caro PB, o banditismo continua ativo e ganhando de goleada das ditas autoridades da segurança pública.
ResponderExcluirMoro na Marquês de Herval e deixei de fazer as minhas caminhadas pela proliferação da violência na área. Minha esposa e minha filha foram assaltadas na entrada do prédio que moramos e sabemos todos que muitas outras pessoas tem sido vítimas dessa situação de total insegurança, diante da inércia dos aparelhos oficiais.
Aceite minha solidariedade.
Não há mais horários nem guetos violentos. Há quase um ano minha casa foi invadida, plena tarde de sábado, por menores de idade armados. Levaram dinheiro, meus equipamentos de trabalho, TV, poucas jóias baratas de valor sentimental, e a saúde mental minha e da minha mãe.
ResponderExcluirAté hoje, mesmo com portas e janelas já gradeadas, não há dia ou noite sem sobressaltos a cada latido do cachorro.
E não adianta colocar a culpa no governante A ou B, a situação perdura desde que vim morar nesta cidade morena, há 14 anos.