A mesa da Assembleia determinou que todas as reuniões da Comissão de Licitações sejam filmadas. Quer dar maior clareza e acabar com as suspeitas sobre as compras.
Louvem-se as pretensões da Mesa da Assembleia de fazer o que estiver a seu alcance para evitar antirepublicanices, digamos assim, de toda espécie, como as que têm sido trazidas à luz do dia pelo Ministério Público.
Ressalte-se, todavia, que providências como essas são absolutamente inócuas. E o são muito mais quando os membros da comissão têm conhecimento de que estarão sendo filmados.
Ora, todos sabem - e sabem muito bem - que os recintos de comissões de licitação dificilmente deixam expor condutas que explicitamente denotariam deslizes éticos.
Alás, em pregões eletrônicos não presenciais, por exemplo, não existem nem mesmo reuniões de membros da comissão com os licitantes.
As antirepublicanices, sabe-se, estão em paragens que não as salas de reuniões de comissões de licitação, sejam lá em que órgãos forem.
Estão, por exemplo, em editais direcionados.
Estão, por exemplo, nas relações nada transparentes entre membros de comissões - quaisquer que sejam - e licitantes.
Estão, por exemplo, em prioridades que nunca foram prioridades, mas que a Administração - qualquer uma - elegeu como prioridades apenas para que a roubalheira compulsiva se configure.
Tranquilize-se a Mesa da augusta Assembleia, pois.
As coisas geralmente não se passam nas salas de reuniões das comissões de licitação.
Elas se passam mais em cima.
Ou mais embaixo.
Ou dos lados.
Sabe-se lá onde.
É Sucupira meu caro. Nóis é bobinhos, visse!
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