segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Não é verdade que os jovens estejam apáticos"

Leopoldo Vieira: "Dividir por dividir não resolve nada"
O assessor político da Secretaria Nacional de Juventude do PT no Diretório Nacional do partido, Leopoldo Vieira, considera que a participação da juventude no processo político atual é tão importante quanto na década de 1960, muito embora se expressa de outras formas. "Não é verdade a sentença de que os jovens estejam apáticos", afirma Leopoldo.
Paraense, 28 anos, autor de "A Juventude e a Revolução Democrática"e "Juventude: Novas Bandeiras", ele foi conselheiro municipal e estadual de juventude, Secretário Nacional Adjunto da Juventude do PT, Assessor de Juventude da Casa Civil/Governo Ana Júlia, editor do blog Juventude em Pauta!, Coordenador e juventude da campanha Dilma no Pará e assessor do deputado estadual Carlos Bordalo, consultor em políticas públicas e legislação de juventude. Desde abril, é o assessor político da Secretaria Nacional de Juventude do PT, no Diretório Nacional do partido.
Nesta entrevista ao Espaço Aberto, ele fala das perspectivas da participação da juventude na política brasileira nos próximos anos, avalia o que já foi feito até agora e alerta os que defendem a divisão do Pará como uma saída para a superação das carências que o Estado enfrenta.
"Dividir por dividir não resolve nada, porque, se for mantida a tendência predominantemente política do que se propõe a ser Carajás, Tapajós e o 'Parazinho', seguiremos tendo graves problemas de desigualdade social e falta de acesso aos bens culturais e serviços públicos. Manter como está sem alterar essa hegemonia manterá o status quo tal como o temos hoje", considera Leopoldo.
A seguir, leia o início da entrevista, que poderá ser acessada na íntegra clicando aqui.

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Como um partido que governa há nove anos e tem um projeto de poder, como o PT está vendo a juventude brasileira e seus próprios jovens militantes?
Durante certo período tirava minha impressão sobre o projeto do PT para os seus jovens e os jovens do Brasil a partir do convívio com as idéias do ex-ministro José Dirceu, fundador do partido, estrategista da vitória do presidente Lula e certamente alguém muito escutado pela sua trajetória pessoal que dizia duas coisas: "sem política para a juventude o país não se desenvolve" e "para evitar o envelhecimento partidário, precisamos incentivar os jovens".
Como assessor político da Secretaria Nacional de Juventude do PT (SNJPT), nos últimos seis meses pude ver de perto o quão especialmente está sendo tratada essa atual geração pelo partido.
No IV Congresso, por exemplo, realizado em setembro, que fez a reforma estatutária, a mobilização da SNJPT conquistou a aprovação da "emenda Rochinha" que reserva 20% das vagas nas instâncias dirigentes do PT para filiados com até 30 anos de idade e financiamento específico para as atividades da JPT mediante a apresentação de um Plano de Trabalho de Gestão da JPT. Um exemplo inclusive para os outros partidos, porque a renovação de quadros e projetos políticos da democracia brasileira não pode estar assentada na hereditariedade e no poder familiar sobre as cúpulas partidárias.
Essa vitória no IV Congresso do PT é a principal "marca" partidária conquistada pela atual direção nacional da Juventude do PT, numa gestão de 6 meses tão histórica quanto breve, coordenada pelo matogrossense Valdemir Pascoal, do "Brasil profundo", do Pantanal Amazônico, que cravou seu nome no panteão dos grandes nomes de uma nova geração para transformar o Brasil.

Bom, o Secretário era do Pantanal e você, um paraense...Qual foi sua experiência nessa "gestão histórica"?
Como assessor político, combati em vários fronts: articulação política, formulação programática de teses, artigos e resoluções, administração do autêntico gabinete da SNJPT (que tinha até jornalista, em mais uma prova do investimento feito nos jovens), gerenciamento do II Congresso da JPT, acompanhamento de várias frentes de atuação, como o movimento estudantil, e tenho convicção de que cumpri a tarefa mais importante da minha trajetória militante, mesmo tendo sido anteriormente Assessor de Juventude do Governo Ana Júlia, Secretário Nacional Adjunto da própria JPT, conselheiro municipal e estadual de juventude, entre outras tarefas..
Mas eu não era o único paraense.. Janaína Oliveira, liderança dos jovens negros e LGBTs do PT, da direção nacional, era daqui também e esteve no centro da operação que levou ao sucesso.
Sem qualquer conflito estéril de "nortistas contra sulistas", pois no núcleo dirigente tinham baianos, cariocas, paulistas, que foram essenciais, provamos que, ao contrário do que diz a música, os ventos do Norte movem sim moinhos e que aqui pensamos e fazemos política com muita qualidade.
E o que os jovens petistas têm pensado sobre o seu papel na política brasileira?
Nosso II Congresso (da Juventude do PT), terminado no último dia 15/11, lançou em sua resolução política uma mensagem clara, apontando o rumo que tomará essa nova geração a partir do legado herdado da nossa "velha guarda": "Nosso objetivo estratégico não é administrar o capitalismo, mas superá-lo construindo o socialismo".
Para além, afirma que não é verdade a sentença de que os jovens estejam apáticos. Pelo contrário, as juventudes no Brasil têm uma tradição de grande presença política nos momentos decisivos do país e uma presença institucional organizada, inclusive, apesar de termos um nível de organização maior ou menor conforme o contexto histórico e social, não podemos comparar a participação da juventude em diferentes épocas históricas. São momentos completamente distintos. A juventude tem uma participação hoje tão importante quanto tinha na década de 1960, mas ela se expressa de outras formas.
Defende que já estamos vivendo a transição geracional no Brasil e que os próximos 25 anos serão de desenvolvimento do conhecimento, da tecnologia e da cultura e se o país quer sair da situação em que está, terá de impulsionar esse movimento. Por fim, considera que os valores e a consciência política dos jovens que majoritariamente formam a "nova classe média" estão em disputa e que é papel do PT e de sua Juventude, em particular, apresentar meios de fortalecer os vínculos político-ideológicos com a esquerda e o projeto socialista.
Nossa resolução diz também que "sintonizada com as lutas da juventude em todo o mundo, cabe à JPT ocupar as ruas e as mobilizações que ocorrem no país, politizar o debate contra a corrupção, sobre a democracia e a participação, defender a importância dos partidos políticos e do PT".

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