segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Educação perdeu a autoestima
Sempre tive enorme prazer ao falar sobre educação, sobretudo o magistério. Mas o momento até é propício, não que tenha a verve sempre a postos para tecer críticas afiadas à educação e a cultura. O ensino no Brasil, de fato, não tem experimentado notável desenvolvimento nos últimos anos, e sim um recuo, em especial, do Norte ao Nordeste, como parte integrante de um projeto nacional. Tem sido uma tarefa hercúlea nossos alunos ultrapassarem os muros da Universidade, a ação pedagógica proveniente de um ensino de qualidade configura-se como uma importante ferramenta de transformação social, consolidando a difusão e a transferência do conhecimento.
Ah! Não quero dizer tudo, mas às vezes é preciso desdizer tudo o que disse. Não tenho o báculo para dirigir a “invisível igreja da educação”, embora reconheça que os avanços sejam inegáveis nas últimas décadas, a educação brasileira continua a exibir indicadores pavorosos. Recente levantamento do Unicef divulgado quarta-feira, 30, revela um dos graves problemas: um quinto dos jovens entre 15 e 17 anos está fora da escola.
Todos estão cansados de saber que os maiores problemas estão no setor público, ainda que o ensino privado muitas vezes não passe de uma miragem: paga-se caro por uma educação medíocre, abaixo da média da maioria das nações, mesmo aquelas de renda semelhante à do Brasil. Quase quatro décadas de abandono do ensino público criaram nos cidadãos uma ojeriza ao sistema. A sensação, para a maior parte das famílias, é de que seria impossível recuperar as escolas financiadas pelo Estado e instituir, a exemplo da maioria esmagadora dos outros países, um sistema público abrangente, predominantemente e de qualidade como já existiu antes da ditadura.
Quem não se lembra, aqui mesmo em Belém, nos anos 1940-50, por exemplo, o ensino privado era a alternativa de quem, por qualquer motivo, não conseguia uma vaga numa escola estatal, então consideradas de melhor qualidade. Preferem pagar o mais alto imposto cobrado no País (colocar um filho em um estabelecimento considerado de bom nível em uma cidade como São Paulo não sai por menos de 1,5 mil reais por mês). Em troca, acham justa a perpetuação de outra desigualdade: geralmente, são os alunos da rede privada que abocanham as melhores vagas nas universidades gratuitas. Os que passam pelo ensino público, se e quando chegam lá, veem-se obrigados a frequentar faculdades pagas e em boa medida de qualidade duvidosa, para dizer o mínimo.
Embora divirjam sobre os modelos e fontes de financiamento, especialistas acreditam ser ainda possível mudar completamente a estrutura do ensino básico e consideram que o preconceito em relação à escola pública não reflete a realidade completa dos fatos. Existem muitas escolas públicas com desempenho melhor que as particulares, a depender do bairro, município ou estado da Federação.
Para que a educação pública no Brasil melhore é preciso: Aumentar os gastos com educação. Mudar currículo, metodologia e equipamentos. Criar um plano de carreira e dar formação continuada para o professor. Salários bons e competitivos para atrair bons profissionais e motivá-los. Investir na atualização constante do professor. Articulação entre as esferas federal, estadual e municipal. Horário integral nas escolas do País tanto públicas quanto privadas. Escolas com portas abertas à comunidade. E, finalmente, aproximando a família da Escola.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
Escuto há anos esse discurso sobre a melhoria da qualidade da Educação, salário dos professores etc e nada acontece.
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