Por que a recusa em comparecer a programas da TV Cultura?

Será a sensata a decisão das frentes em favor do "Sim" de se negarem a comparecer a programas da TV Cultura para debater o plebiscito, em protesto contra artigo do governador Simão Jatene que se mostrou contrário à divisão do Estado?
Talvez não.
Talvez não seja a mais sensata, a mais ponderada, a mais racional.
Talvez revele uma decisão política que não esteja muito afeita à pluralidade que é imanente aos embates democráticos.
Caríssimos (com a licença da caríssima amiga e repórter-fotográfica das melhores Paulinha Sampaio), estamos em meio a uma campanha.
Uma campanha eleitoral.
Campanhas eleitorais não são o que são se negarem espaço para a diversidade de ideias.
Para o confronto de propostas.
Para contrapor verdades e mentiras, considerando que cada um tem as suas verdades e, muitas vezes, acha que as verdades do outro não passam de mentiras.
Ora, diante dos argumentos expostos pelo governador, os integrantes das frentes do "Sim" teriam a grande oportunidade de opor as suas ponderações, os seus argumentos, as suas verdades.
Teriam a grande oportunidade de dizer de cara limpa, na emissora do governo do Estado, que o governador do Estado distorce e manipula fatos ou até mente, se é isso mesmo que as frentes do "Sim" acham em relação ao posicionamento de Jatene.
O debate é livre.
Por livre, o debate deve ser franco.
É evidente que, por sua singularidade, esta campanha está colocando em campos frontalmente opostos aliados do governo do Estado, uns defendendo a divisão, outos pugnando pela criação de novos Estados.
Mas isso é do jogo.
Os eleitores, com a mais absoluta certeza, gostariam imensamente de assistir aos defensores do "Sim" defendendo o "Não" de Jatene, na casa do próprio Jatene, se assim for considerada a emissora que integra a Funtelpa.
Aliás, seria a primeira oportunidade que todos teríamos de ver esse confronto de ideias, uma vez que somente com o artigo do governador é que ficou declarada, e digamos assim, formalizada a posição de Jatene em defesa da integridade territorial do Estado, ainda que ele esteja - agora não mais com tanta convicção e empenho - assumindo a posição de árbitro nessa parada toda.
Pelo sim, pelo não, os defensores do "Sim" poderiam voltar atrás e comparecer aos programas da TV Cultura.
Aliás, deveriam e devem comparecer a qualquer programa.
A qualquer debate.
Assim são as campanhas.
As campanhas são assim.
Ou não?