quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Jornalista se surpreende com traficante


Do Comunique-se

A jornalista Ruth de Aquino, da revista Época, conseguiu o que era disputado por muitos repórteres: uma entrevista exclusiva com o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como Nem, o chefe do tráfico na Rocinha (RJ), maior favela do Rio de Janeiro. Ruth se arriscou, antes mesmo da prisão de Nem, na última quinta-feira (10). A entrevista foi feita no dia 04 de novembro e publicada na edição desta semana da revista Época.
A exclusiva foi intermediada por uma igreja que recupera drogados e prostitutas, temerosa caso o encontro fosse gravado. “Aguardei por três horas, fui levada a diferentes lugares. Meus intermediários estavam nervosos porque “cabeças rolariam se tivesse um botãozinho na roupa para gravar ou uma câmera escondida”. Cheguei a perguntar: “Não está havendo uma inversão? Não deveria ser eu a estar nervosa e com medo?”, contou a jornalista.
Ruth conta que se surpreendeu com a cena nada hostil onde o traficante foi encontrado. “Não encontrei Nem numa sala malocada, cercado de homens armados. O cenário não podia ser mais inocente. Era público, bem iluminado e aberto: o novo campo de futebol da Rocinha”.
Nem disse que não aceitava entrevistas porque ninguém acreditava em suas palavras, mas, por sorte e ousadia, deu ouvidos à jornalista, por 30 minutos.
Durante a conversa, o traficante elogiou o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, o ex-presidente Lula e o trabalho das UPPs. Nem também falou de religião, denunciou policias corruptos, afirmou que não usa drogas e admitiu que devia pagar sua dívida com a sociedade. Veja a entrevista completa no site da Época: http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/11/meu-encontro-com-nem.html

3 comentários:

  1. Espero que não tenha sido igual a entrevista que o Gugu fez ainda no SBT, lembram dos caras encapuzados e com armas? Depois descobriram a montagem feita para aumentar a audiência do programa.

    ResponderExcluir
  2. A Ruth de Aquino disse que não tinha gravador e nem carderninho de notas. Então, o palavreado do Nem na Época parece revelar o alter ego dela. Ou então não deveria vir entre aspas. Pô, a acreditarmos na Ruth, o cara fala igual um catedrático e paladino da lei e da ordem, como se não fosse ele o maior traficante, o superbandido do RJ. Terminei de ler a reportagem da Ruth Aquino superdesconfiado. Convém não levar ao pé da letra o que ela escreveu sobre o Nem.

    ResponderExcluir
  3. E por falar em tráfico...No blog do Zé Carlos do PV li o post "traficantes nas festas de aparelhagens", que faz uma grave denúncia sobre essa relação perigosa e que não é nova.
    O opiácio das festas de aparelhagens são sistematicamente massificadas todos os dias em chamadas publicitárias num canal de tv local, pertencente a um grupo liderado pelo filho de um velho cacique político do estado. Contraditoriamente nos intervalos de dois programas policiais (no horário sagrado do almoço), que barbarizam com imagens de jovens boqueiros presos com algumas petecas de pó ou nóia, quando não de defuntos de meninos ensanguentados perfurados a bala, seja da policia, seja de soldados do tráfico.
    Penso que a combinação das festas de aparelhagens e o tráfico seja um dos fatores que entorpecem e deformam do caráter cidadão de nossa juventude, que já sofre com o falido sistema de educação, com falta de perspectiva de emprego e renda, não tenha alternativa se não de ter viver acomodada, violentada e, inevitavelmente, se transformar em presa fácil dessa estupidez humana.

    ResponderExcluir