Matoso: "Não roubei. Não assaltei. So disse uns palavrões."

O radialista Edson Matoso, que também é diretor da Rádio Cultura do Pará, continuava afastado, até ontem à noite, de um programa de esporte que apresenta diariamente, no início da tarde, no SBT em Belém. E nem sabe se vai voltar. Mas não está nem aí: por enquanto, ganha o colo e o calor da solidariedade paraense, depois que brindou com palavrões, em pleno ar, o jogador gaúcho Josiel, do Paysandu.
"Não agüento... vir um filho da p... lá da casa do c... vir ganhar o meu dinheiro, ganhar o dinheiro do povo do Pará e falar mal da gente. Pode me tirar do ar, eu não aguento isso", desabafou Matoso ao vivo e em cores, em pleno ar e vários decibéis acima do tom, no seu programa da última quarta-feira (vejam no vídeo acima), ao tomar conhecimento de que o atacante do Paysandu, em seu perfil no Facebook (Tchê Loko), referiu-se de modo depreciativo ao Pará e aos paraenses. Josiel também acabou confessando que tomara umas e outras depois do jogo de domingo passado, quando o time bicolor perdeu por 1 a 0 para o CRB-AL, em pleno Mangueirão.
"Churras (churrasco) com os amigos, gelada e aquele sertanejão para acabar. Mas que vontade de um bailão [gíria gaúcha para barril] de chopp... Desulivreeeeeeeeeeeeee. Ter que aguentar mais um mês é f...", escreveu Josiel Tchê Loko, que também se referiu a Belém como "fim ou começo do mundo".
Não é a primeira vez que Josiel faz e acontece. Em agosto, ele expôs de forma rasa, rasteira e direta seu senso estético feminino. Ao fazê-lo, atirou a mulher paraense ao rés do chão, se é que não a colocou no chão, para pisoteá-la mais à vontade. "Saudades do meu Rio Grande, de Goiânia... de gente bonita. (Aqui) Só paquita, depois do incêndio", afirmou.

"Não estou arrependido do que fiz"
"Eu não estou nenhum pouco arrependido do que fiz. Muito pelo contrário. Você nem imagina as mensagens de solidariedade que tenho recebido, desde que expressei a minha revolta contra um cara que disse o que disse da minha terra", disse Matoso, ontem à noite, em contato com o Espaço Aberto, por telefone.
"Não tenho por que me arrepender. Eu disse dois palavrões. Eu não roubei dinheiro público. Não assaltei banco. Não estou envolvido em denúncias, como alguns ministros estão. Por que me envergonhar? Por que pedir desculpas? Eu exerci o meu direito de defender a minha terra de conceitos que a menosprezaram", disse Edson Matoso ao poster.
Ele contou que ao usar a expressão "pode me tirar do ar", acrescentada aos palavrões que proferiu no desabafo durante o programa, pretendeu deixar a direção da emissora à vontade para tomar a decisão que melhor lhe conviesse. O radialista garantiu que não sabe como ficará a sua situação no SBT, mas garante que ainda não recebeu qualquer sinalização de que poderá ser demitido. Como também ainda não recebeu indícios de que seu programa será mantido.
"Logo depois que eu pronunciei os palavrões, um diretor me chamou e demonstrou preocupação com o ocorrido. Mas eu disse a ele exatamente isto: que eu não roubei, não assaltei banco. Eu só disse uns palavrões", reforçou Matoso ao Espaço Aberto.
O radialista não acredita nas explicações de Josiel, que alegou não ser seu o perfil usado no Facebook para ofender o Pará e os paraenses. "E por que ele deletou o perfil do Twitter? Um pirata não faria isso. Um pirata não tem medo de nada, não deletaria o perfil do Facebook. Ao contrário, como é uma pessoa anônima, que ninguém sabe quem é, um pirata diria mais coisas ainda contra o Pará e os paraenses, apenas para incendiar os ânimos. Mas não: o perfil foi deletado", argumentou Matoso.
Em seu perfil no Twitter, o radialista vem agradecendo as manifestações de solidariedade que passou a receber desde que foi parar na mídia nacional, depois dos palavrões: "Gente muito obrigado por tanta solidariedade,aos omissos e q calam diante dos preconceitos e que se acocoram como covardes, minhas orações", diz ele numa das tuitadas. "Agradeço às milhares de pessoas que me entenderam. Procuro ser correto, não um robô, sou humano", afirmou o radialista em outro comentário. E emenda, em outra tuitada: "Cinismo virou passou de moda à instituição".