segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Só temos a lamentar
Estamos cansados de saber que todos os governos têm corruptos, mas são casos isolados. No episódio do Mensalão, dinheiro no bolso, na bolsa, na cueca, empréstimos mal explicados, não. Trata-se de uma organização criminosa que se apoderou do Estado para roubar dinheiro para o partido corromper aliados. Estamos falando de um partido que à época dizia ter sido criado sob a bandeira da ética na política: o PT. As falcatruas ocorridas varadas por meses ininterruptos de denúncias tinham comando sólido: o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-secretário geral Sílvio Pereira ou Marcelo Sereno, secretário de Comunicação, e o presidente da agremiação no período José Genoíno, montaram uma superestrutura no governo Lula.
É de lamentar que no fim da vida política esses corruptos não fazem mea culpa. Ademais, o cotidiano de determinados políticos inspira um cinismo que assusta. Agora, passado quatro anos do recebimento da denúncia contra 40 suspeitos de envolvimento no mensalão, o crime de formação de quadrilha, espinha dorsal da denúncia pode prescrever dentro de alguns dias. Para que este não saia impune, os ministros do STF terão que aplicar penas aos acusados pela formação de quadrilha superiores a dois anos. Se a pena não ultrapassar dois anos, os acusados estarão livres desse crime.
De acordo com a legislação, o crime estaria prescrito contados quatro anos após o recebimento da denúncia pelo Supremo. Para penas superiores a dois anos, o prazo de prescrição subiria para oito anos. Nesse caso, o crime não estaria prescrito quando a ação penal for levada a julgamento, o que pode ocorrer no próximo ano. A passagem do tempo preocupa especialmente o ministro Joaquim Barbosa, que tem buscado soluções para evitar possíveis sutilezas capciosas, em questões judiciais.
Com os direitos políticos cassado e réu no processo no processo do mensalão, o senhor José Dirceu mantém seu poder como comandante do PT e usa sua influência para conspirar contra a presidente Dilma Rousseff, afirma revista de circulação nacional. Advogado, que atualmente presta serviços como consultor, o ex-ministro despacha com parlamentares e integrantes do primeiro escalão do governo de um quarto do Hotel Naoum, na Corte, embora formalmente sem vínculo com o Planalto.
Além de encontro com ministro, presidente de estatal e senadores a romaria ao “gabinete” de Dirceu ocorreu entre os dias 6 e 8 de junho, em plena crise que culminou com o pedido de demissão do ex-ministro Antonio Palocci, após a divulgação de sua evolução patrimonial. É sabido que o ex-ministro atuava contra Palocci na Casa Civil. Fez lobby para Vacarezza assumir a articulação política, embora a operação tenha sido frustrada pela presidente Dilma, que nomeou Ideli Salvatti quando percebeu a intenção.
Dirceu estaria municiando o noticiário político contra pessoas ligadas à Corte. Não tem nenhuma influência ou passagem com Dilma que, não lhe dá a mínima. Bom de bastidores representa empresas com interesses na Petrobras, um possível motivo do encontro com Gabrielli, que, por sua vez, estaria atrás de apoio do PT para se manter no cargo, diante de especulações de sua substituição. Os políticos petistas têm medo de Dirceu. Com certeza ficaram felizes quando da defenestração pela Imprensa do, digamos assim, aparelho. E infelizmente, lamentar, que corruptos dessa natureza tenham suas transgressões prescritas.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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