sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

No Crea e em todo lugar, o "espírito amanuense"

De um Anônimo, sobre a postagem As obviedades, às vezes, são chocantes:

O que mais me chama a atenção nessa triste tragédia é o arraigado "espírito de amanuense", ou seja, o espírito de burocrata, dos nosssos órgãos fiscalizadores.
São meros carimbadores de papel. Só fiscalizam a papelada, não as coisas que realmente devem ser fiscalizadas. Daí que, para a ocorrência de mortes e danos irreparáveis, é só um passo.
Ao CREA, por exemplo, só interessa que os projetos de engenharia e arquitetaura sejam formalmente apresentados e paguem as taxas devidas, etc. Se o projeto está ou não sendo fielmente executado, isso não interessa ao CREA, que não fiscaliza a execução da obra, como falou o seu presidente.
Ora, hoje em dia, com a ajuda de sofisticados programas de computador, todo projeto de engenharia e arquitetura fica nos "conformes", pois o programa corrige até os mínimos erros de cálculo e projeção. Por aí, ninguém vai encontrar qualquer senão.Os problemas ocorrem é na execução da obra, durante a qual o CREA não comparece. Assim, pouco lhe importa se o engenheiro encarregado de por em prática os cálculos (corretos na papelada) está deveras para a missão (como parece ser o caso desse aí mal saído das fraldas).
Ao CREA não interessa se o material usado é de primeira, de segunda ou de quinta categoria.Para o CREA, o que importa é que os papéis estejam "em ordem", tudo muito "bonitinho", mas... só no papel.
E, vocês pensam?, esse "espírito de amanuense" não impera só na construção civil, não!Veja-se o caso dos Tribunais de Contas. Hoje em dia, qualquer contador, com a ajuda sempre prestimosa e eficiente de programas de computador, "monta" um primoroso processo de "prestação de contas", tudo nos "trinques", mas... tudo fictício, só na papelada - e os TCs aprovam!
Muitas vezes as obras nem existem, ou não correspondem às especificações, ou o material usado é de péssima qualidade, ou os funcionários "pagos" são "fantasmas", ou... ou..., etc.
Via de regra, os Tribunais de Contas tomam um olímpico "chapéu" de gestores espertalhões e contadores "competentes", pois não costumam verificar as coisas "in loco", mas só na papelada, tida como "exemplar".
Já vi, juro que vi, acórdãos de Tribunais de Contas elogiarem a "correção" de contas feitas só para inglês ver...
Mas o "espírito de amanuense" não reina só no CREA ou nos TCs. Está espalhado por aí, em tudo quanto é lugar, até no Ministério Público, que só aparece depois da tragédia consumada, pois é outro - mais um! - órgão também preocupado com a papelada e não com a realidade dos fatos, como ocorre com os seus famosos TACs - Termos de Ajustamento de Conduta, que todo mundo assina de bom grado, mas só para tapear, pois ninguém cumpre de verdade e fica tudo no ora veja e não me digas ou, quando muito, rende uma multazinha inexpressiva que o devedor paga sem nem se coçar, pois sempre a transfere para os abestados dos consumidores que, ao fim e ao cabo, são realmente os que pagam o pato.

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