Fora de brincadeira.
De toda a brincadeira.
Mas alguns dotôres engenheiros, nas explicações que têm dado quando coleguinhas os questionam sobre o desabamento do “Real Class”, precisam maneirar um pouco mais nas platitudes (toma-te!), nas banalidades, nas trivialidades que proclamam na telinha ou fora delas.
Os dotôres precisam ser mais comedidos nas suas, digamos, obviedades.
Por quê?
Porque as obviedades ululam, como já dizia o sábio Nelson Rodrigues, daí ser dispensável - completamente dispensável - ulularem-se as obviedades em muitas ocasiões.
Ontem, por exemplo, um engenheiro dava explicações a coleguinhas.
Ele estava sob os holofotes, sob as luzes dos spots de uma equipe de televisão.
O dotô disse mais ou menos o seguinte:
- Todo prédio foi feito para ficar em pé. A característica de um prédio é não cair, mas ficar de pé!
Eureka!
Não brinque, dotô.
Nem brinque.
É mesmo?
Ninguém sabia disso.
Céus!
As obviedades, às vezes, são chocantes.
Fora de brincadeira.
Já não é de hoje que as construtoras entregam prédios fora do prazo, com problemas sérios acabamento (para dizer o mínimo) como os que o blog mostrou. A ganancia e a irresponsabilidade fazem com que seus clientes e a cidade sofram danos muitas vezes irreparáveis. Os primeiros pelo óbvio prejuízo ao seu patrimonio e a coletividade pelo asfixiamento de sua infraestrutura de vias, esgotos, etc. Os jornais estão cheios de anúncios de torres e palácios feitos para vender uma qualidade que infelizmente existe em raros casos. Precisava um prédio inteiro cair para a cidade acordar!! No Brasil é sempre assim: precisa de uma desgraça, que no nosso caso diga-se, poderia ter sido ainda muito maior se fosse num dia de semana, para que se lembre que a fiscalização é apenas de fachada. Lembrem da ANAC no caso do desastre da TAM em Congonhas, das prefeituras nos casos dos deslizamentos de Niterói e outros. Enfim, vivemos uma permanente tragédia anunciada! E viva o boom imobiliário que trouxe o progresso (?) e o valor do metro quadro de Belém para perto de R$6.000,00!!!
ResponderExcluirUm exemplo: O conjunto de 6 torres na R. Conselheiro Furtado, com 4 apartamentos por andar. Tudo isso num terreno que pelas regras do bom senso, aquelas que já foram chutadas para bem longe em Duciolandia, dariam duas para que se tivesse conforto ambiental. Imaginem como vai ficar o transito na avenida já saturada quando os felizes adquirentes saírem para trabalhar e deixar os filhos na escola??? E quem disse que viram isso na hora de aprovar o projeto? Dane-se a cidade! O que importa é a máquina de gerar $$$ e renda. O resto é resto. Ou entulho!
O que mais me chama a atenção nessa triste tragédia é o arraigado "espírito de amanuense", ou seja, o espírito de burocrata, dos nosssos órgãos fiscalizadores.
ResponderExcluirSão meros carimbadores de papel. Só fiscalizam a papelada, não as coisas que realmente devem ser fiscalizadas. Daí que, para a ocorrência de mortes e danos irreparáveis, é só um passo.
Ao CREA, por exemplo, só interessa que os projetos de enganharia e arquitetaura sejam formalmente apresentados e paguem as taxas devidas, etc. Se o projeto está ou não sendo fielmente executado, isso não interessa ao CREA, que não fiscaliza a execução da obra, como falou o seu presidente.
Ora, hoje em dia, com a ajuda de sofisticados programas de computador, todo projeto de engenharia e arquitetura fica nos "conformes", pois o programa corrige até os mínimos erros de cálculo e projeção. Por aí, ninguém vai encontrar qualquer senão.
Os problemas ocorrem é na execução da obra, durante a qual o CREA não comparece. Assim, pouco lhe importa se o engenheiro encarregado de por em prática os cálculos (corretos na papelada) está deveras para a missão (como parece ser o caso desse aí mal saído das fraldas).
Ao CREA não interessa se o material usado é de primeira, de segunda ou de quinta categoria.
Para o CREA, o que importa é que os papéis estejam "em ordem", tudo muito "bonitinho", mas... só no papel.
E, vocês pensam?, esse "espírito de amanuense" não impera só na construção civil, não!
Veja-se o caso dos Tribunais de Contas. Hoje em dia, qualquer contador, com a ajuda sempre prestimosa e eficiente de programas de computador, "monta" um primoroso processo de "prestação de contas", tudo nos "trinques", mas... tudo fictício, só na papelada - e os TCs aprovam!
Muitas vezes as obras nem existem, ou não correspondem às especificações, ou o material usado é de péssima qualidade, ou os funcionários "pagos" são "fantasmas", ou... ou..., etc.
Via de regra, os Tribunais de Contas tomam um olímpico "chapéu" de gestores espertalhões e contadores "competentes", pois não costumam verificar as coisas "in loco", mas só na papelada, tida como "exemplar".
Já vi, juro que vi, acórdãos de Tribunais de Contas elogiarem a "correção" de contas feitas só para inglês ver...
Mas o "espírito de amanuense" não reina só no CREA ou nos TCs. Está espalhado por aí, em tudo quanto é lugar, até no Ministério Público, que só aparece depois da tragédia consumada, pois é outro - mais um! - órgão também preocupado com a papelada e não com a realidade dos fatos, como ocorre com os seus famosos TACs - Termos de Ajustamento de Conduta, que todo mundo assina de bom grado, mas só para tapear, pois ninguém cumpre de verdade e fica tudo no ora veja e não me digas ou, quando muito, rende uma multazinha inexpressiva que o devedor paga sem nem se coçar, pois sempre a transfere para os abestados dos consumidores que, ao fim e ao cabo, são realmente os que pagam o pato.
O CREA NÃO TEM ISENÇÃO SUFICIENTE PARA SERVIR COMO ORGÃO FISCALIZADOR DE OBRAS, POIS REPRESENTA INTERESSES VINCULADOS A CONSTRUTORAS. REPRODUZINDO PRÁTICAS CORPORATIVISTAS E PROTECIONISTAS, ESTA ENTIDADE TEM HISTORICAMENTE,ADOTADO UMA POSTURA DE OMISSÃO E NEGLIGENCIA DIANTE DAS IRREGULARIDADES COMETIDAS PELAS GRANDES EMPRESAS DA CONTRUÇÃO CIVIL
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