sábado, 1 de janeiro de 2011

As vaias a Ana Júlia: um gesto menor

A justiça impõe que se faça um registro.
Foi das mais dignas, das mais corretas e das mais democráticas a postura da ex-governadora Ana Júlia, ao transmitir o cargo a seu sucessor, Simão Jatene, num ato que consistiu em passar-lhe a faixa governamental, na manhã deste sábado.
Para usar uma expressão da onda, da hora, para usar, enfim, uma expressão chatíssima e muitas vezes até sem sentido, foi das mais republicanas a conduta da ex-governadora.
Ela subiu ao palco armado em frente ao Palácio Lauro Sodré acompanhada de seu filho e do ex-vice-governador Odair Corrêa, que, aliás, estivera presente, momentos antes, à solenidade de posse na Assembleia Legislativa.
Mas a ex-governadora esteve acompanhada de outras pessoas, entre as quais o presidente regional do PT, João Batista da Silva, e o ex-secretário Maurílio Monteiro, irmão de Marcílio (também ex-secretário), que já foi casado com Ana Júlia.
A presença da ex-governadora no palco durou cerca de 5 minutos.
Passou a faixa a Jatene e deu-lhe um caloroso abraço.
A leitura labial permitiu perceber facilmente que Ana Júlia lhe desejou "sucesso" e almejou que ele trabalhassse pelo bem do que chamou de "nosso Pará".
Feito isso, cumprimentou a mulher do governador, Ana Maria, e o vice-governador Helenilson Pontes e a mulher dele, Priscila.
Em seguida, retirou-se do palco em meio à informação do locutor da cerimônia, de que precisava cumprir compromissos "anteriormente agendados".
O compromisso referido é a viagem de Ana Júlia a Brasília, para participar da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff.
Pois é.
Por que, então, se diz que foi das mais dignas, das mais corretas e das mais democráticas a postura da ex-governadora, ao transmitir o cargo a Simão Jatene, em cerimônia pública?
Porque a ex-governadora não se eximiu de participar dessa formalidade, mesmo diante da possibilidade de ser alvo de hostilidades.
E foi o que aconteceu.
A ex-governadora foi vaiada.
Enquanto a vaiavam, Jatene, sua mulher e demais autoridades que estavam no palco tentavam desestimular as vaias, aplaudindo Ana Júlia.
O governador, inclusive, fez gestos com as mãos, ostensivamente, pedindo que seus correligionários parassem com aquele gesto de deseducação política.
Porque a vaia foi, sim, um gesto menor, desprezível, inadequado, inoportuno.
Foi, repita-se, um gesto de deseducação política.
A política não deve se fazer com vinganças, com revanchismos.
O próprio governador, acertadamente, fizera menção disso em discurso ao tomar posse na Assembleia, momentos antes.
Militantes pro-Jatene haverão de dizer que o governador também foi transparente, republicano, correto e democrático ao passar a faixa para Ana Júlia, em 2007.
E quem está dizendo que não foi?
Militantes pro-Jatene também haverão de dizer que ele foi hostilizado por petistas na transmissão de cargo em 2007. Petistas garantem que não fizeram isso.
Mas não importa.
Se Jatene não foi vaiado em 2007 por petistas, parabéns aos petistas.
Se o foi, nota zero para a deseducação política dos petistas.
Todos temos certeza de que o governador eleito não compactuou com essa falta de educação de seus correligonários.
E tanto é assim que desestimulou as vaias.
É uma pena, todavia, que os militantes não tenham seguido o gesto de seu líder.
Realmente, uma pena.

8 comentários:

  1. Anônimo1/1/11 15:04

    Mas como voce sabe que eram correligionários de Jatene os que vaiaram a ex-governadora? Não pode ter acontecido que as vaias tenham saído de pessoas apartidárias, parte do povo que sofreu os quatro anos de desgoverno de Ana Júlia?

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  2. Anônimo1/1/11 18:15

    Quem garante que não foram petistas decepcionados com a performace da ex ?

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  3. Anônimo1/1/11 21:23

    Égua! É demais, pessoal. Voces estão com obcessão demoniaca em cima da governadora Ana Julia. Só pode.

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  4. Anônimo2/1/11 00:31

    Foram, com certeza, pessoas que com esse gesto tinham dois propósitos: puxar o saco do atual governo e tentar se aliviar das suas insignificancias.

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  5. A atitude correta e elegante do governador Jatene de aplaudir a governadora Ana Júlia é o que prevalece.
    Parabéns ao Dr. Jatene e a quem o acompanhou no gesto. Quanto a quem vaiou, a falta de educação vem de casa. Uma pena!
    Que Deus abençoe a gov. Ana Júlia.
    Que Deus abençoe o governador Jatene e seu governo.
    Dias melhores certamente virão.
    Elton Braga

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  6. Anônimo2/1/11 11:12

    Não voto no PT, não gostei do governo da Ana Julia, mas acho deplorável este comportamento de pessoas que se aproveitam de multidões para vaiar uma ex autoridade. Será que teriam coragem de fazer isto sozinhos? claro que não pois se acorbertam sob a sua covardia.

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  7. Anônimo2/1/11 13:49

    Obcessão é um abcesso muito grande?

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  8. Anônimo3/1/11 22:11

    O que mais impressiona são pessoas querendo "arranjar" qualquer justificativa para um ato de tamanha "deseducação". Nada justifica pessoas desenvolverem uma postura equivocada, truculenta e deselegante com a pessoa da Ana Júlia. Ali não estava mais a governadora, estava a mulher, a mãe, a cidadã paraense, que como qualquer outra pessoa merece todo o nosso respeito.
    Ouvi com indignação os comentários de um comunicador de uma abrangente rádio da capital, que após saber do fato, fez um comentário horrendo, nojento, que só poderia partir dele que considero o maior demagogo, hipócrita deste estado, uando uma frase sórdida: "quem planta colhe", uma atitude repugnável, mas que temos que aceitar pois vivemos em um país dito "democrático", mas que o respeito está acima desta conquista. Quero repudiar veementemente as palavras deste cidadão e de qualquer pessoa que tente justificar este ato de tamanha grosseria.

    Sidney Portal
    Salvaterra-Pará

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