quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vivendo no mundo da Lua



Não é de hoje que o homem olha para cima. Ele sempre admirou as estrelas e esforça-se quanto pode para estender o campo visual. Mas há um grupo que investiga o Universo com espírito diferente. São aqueles que sonham com a possibilidade de povoar outros mundos, de colonizar astros que detenham a mínima condição para essa aventura. E não se trata apenas de anseios pessoais e isolados sentimentos de fuga. Não. A busca por outros mundos habitáveis é coisa séria, aspiração de estados políticos fortes e de cientistas importantes.
Dentro do Sistema Solar, Marte é um dos principais alvos. Mas, além do Planeta Vermelho, há uma dúzia de satélites naturais, como a nossa Lua, que teriam essas condições mínimas de habitabilidade. Porém, Marte é mesmo o destino mais plausível, seja por um requisito vital, seja pela distância mínima de nossa casa no Cosmos. Marte tem temperatura, solo e outros itens que podem ser trabalhados, terraformados, como dizem.
Essa terraformação de Marte envolveria muitas etapas. O plano maior é dotar aquele planeta de condições climáticas favoráveis à vida. Há a necessidade de se criar uma atmosfera marciana algo semelhante à da Terra. Para isso, será necessário mergulhar o astro num composto de gases, de cujo fenômeno químico resulte oxigênio e demais substâncias indispensáveis à formação da biosfera, a vida que recobre nosso planeta.
Não é difícil imaginar que nação está na liderança desse projeto. Estados Unidos, claro. O país de Obama sonha com novos mundos habitáveis, seja para construção de bases militares ou missão espacial, seja para mudança de endereço, em caso de a Terra entrar em colapso.
A terraformação de Marte começaria pela atmosfera. Havendo boas condições climáticas, inclusive precipitação de chuvas, o solo marciano seria o segundo passo. Os habitantes alienígenas plantariam uma floresta, cuidariam de rebanhos e dariam atenção à vida aquática. Mas é preciso dizer só uma coisinha: apesar da boa expectativa científica, o projeto não é seguro. Não se sabe o que pode acontecer com a atmosfera artificial no decorrer dos anos, quando começar haver uma interação entre a superfície marciana e a camada suspensa de ar. Quando houver alguns fenômenos químicos. Há uma probabilidade de todo esse sonho ir para os ares numa grande explosão. Este é um asterisco importante no rodapé do megaprojeto.
Contrapondo a esse sentimento de fuga, temos a Terra, perfeita em todos os aspectos, isolada a ação humana destrutiva. Ar. Terra. Mar. Tudo na mais perfeita sincronia. Por que tanto investimento exógeno? Por que não se procura conservar o que já está feito, que não nos custou o mínimo esforço? Será que um ser com tamanha ação predatória tem capacidade para criar e preservar novos mundos? Discutível. Se alguém se vê obrigado a abandonar a própria casa que arruinou, como será responsável por outras terras? Nada compensa o fracasso desse lar.
Mas há um aspecto positivo: viver no mundo da Lua não é algo tão alienante como nos ensinaram. Assim vivem os entendidos da ciência astronômica. Aliás, para o cristão, esse constante olhar para cima é mesmo um dever. Não só o olhar: também o desejo de mudança para outros mundos. E pensar que esse Universo é o muro que separa o Terceiro Céu, a Glória de Deus, nos deixa mais desejosos dessa aventura. Imaginar que gente simples será trasladada para lá num piscar de olhos é de dar orgulho. E de deixar cientistas marcianos invejosos!

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RUI RAIOL é pastor e escritor (www.ruiraiol.com.br)

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