quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E o povo, venceu ou não venceu?

Do deputado Carlos Bordalo (PT), em seu blog.

Outro debate importante sobre a política paraense pautado neste domingo, dessa vez no Diário do Pará, foi o artigo "E aí? A força do povo não venceu?", do sociólogo Luís Antônio Muniz.
Nele, Muniz questiona o slogan "A força do povo vai vencer", usada no segundo turno pela nossa campanha. Parafraseando o professor Fábio Castro, ele diz que houve um erro de "vanguardismo" (se tomar como representante de uma coletividade sem mandato para tal) ao se usar tal consigna, questionando uma suposta rejeição de 40% do eleitorado à governadora Ana Júlia, se não eram "povo os "quase um milhão de pessoas que votaram no adversário" e exigindo um respeito pela "óbvia e majoritária parcela do povo que votou em Jatene". Após declarar que tal erro se deveu à "capacidade de raciocinar" dos "marqueteiros", ele propõe: "Não foi o povo que venceu?"
De minha parte, creio que não.
Uma coisa é saber que só existe representação com mandato para tal e que o resultado das urnas, neste caso, deve ser respeitado, pois expressa uma legalidade democrática, mas estamos falando aqui de interesses imediatos e históricos.
Como falar que o povo, conjunto das classes subalternizadas pelo Capital, venceu se a plataforma que governará o Pará tem como eixos o Estado Mínimo (englobando serviços públicos como saúde, educação, assistência e segurança), se acredita piamente na autoregulação dos mercados (que sempre produziu desemprego e pobreza), se tem como filosofia o corte de investimentos e o arrocho salarial? Esses não são interesses da maioria do povo, mas de quem lucra com a terceirização dos serviços públicos, com um Estado que não "gasta"para poder melhor pagar juros exorbitantes para seus credores privados e para quem gira seu negócio para onde avdém lucro, sem se importar com toda a cadeia humana e social que dele depende.
E essa História nós já conhecemos: termina com mobilidade social do "povo" rumo à pobreza, com aumento do desemprego do "povo", do "povo" com salário de fome, do "povo" com acesso restrito aos bens culturais, etc.
Não estou, com isso, questionando a soberania popular, sei que não existe representação automática e mecânica de classes e grupos sociais, mas sim grupos que se remetem a estes em busca de representá-los a partir de filosofias políticas. Por isso, não foi o "povo" que venceu, pois a vitória foi de um condomínio político que se propõe a representar as elites, mas que precisa do "povo" porque seu nicho social é extremamente minoritário.
Chico Buarque e Ferreira Gullar são dois velhos camaradas sim, mas o primeiro considerou que a democracia formal exige democracia material. O segundo, contentou-se com a liberdade individual de poder falar, escrever, curtir, viajar, comer o que bem quer para si mesmo.

6 comentários:

  1. REFORMA POLÍTICA E PARTIDÁRIA
    Eis o que o Brasil precisa, urgentemente, em face do dos grupos políticos que se repetem nos governos estaduais, via de regra, com vícios sempre condenáveis pelos eleitores, estes que vivem, ao que parece, uma eterna síndrome da doce e passageira ilusão. Não tenho dúvida que daqui a 3 anos quando teremos eleições para governo do Estado novamente mais uma vez estaremos vivendo e comprovando o ledo engano do presente e surgirão do nada como salvadores da pátria outros supostos melhores...A estrutura partidária brasileira é muito autoritária,nela predomina o caciquismo... É preciso um controle externo sobre o exercício da democracia na vida interna dos partidos no Brasil...Pois o caciquismo contamina na raiz a qualidade daqueles que são eleitos a cada pleito.
    Da minha parte, a continuar tal estrutura e vícios partidários,o povo sempre perde. Quem ganha sempre: os que deixam o poder e os que o ganham temporariamente...
    Se queremos mudar tal quadro,precisamos como eleitores e sociedade civil organizada fiscalizar permanentemente os que exercem o poder...

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  2. Finalmente a Ana julia acertou em alguma coisa: A FORÇA DO POVO VENCEU! JATENE JA

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  3. Boa noite, caro Paulo:

    a nova faceta de analista político do Deputado é surpreendente. Mas, como sempre, não acerta uma. Salvo quando se trata de "acertar" a casa de pessoas - especialmente no bairro do Telégrafo - através dos seus comandados, anunciando que se Ana Júlia perdesse a eleição, os meninos perderiam o Bolsa Trabalho. Mas, isso é uma questão que agora interessa ao MPE/TRE. E que não convenceu os eleitores: Ana Júlia foi derrotada, apesar também do feriadão (Ah! eles acham que há tantos ricos neste estado indo para Salinas e Mosqueiro que não haveria eleitores de Jatene na boca das urnas...).

    E, na avaliação preconceituosa e politicamente incorreta do Deputado, apesar do povo "não saber o que quer", ele decidiu encerrar a experiência masoquista na qual depositou sua esperança na eleição anterior.

    O povo, sem aspas Deputado, sofreu a deterioração da assistência à saúde, a escalada da violência - não só dos sequestros contra "os ricos", mas a que cotidianamente rouba e assusta os pobres na periferia e que os carrinhos da playmobil alugados à DELTA não conseguiram "empanar".

    E que venha o Estado Mínimo, deputado, o nosso, aquele que seu governo inflou de incompetência, nepotismo, irresponsabilidade gerencial e política. Foi este estado máximo de arrogância, de pernosticismo e de insensatez gerencial que o povo reprovou. "Destrocou" (trocar, de novo, Deputado) o "novo" e suas basófias pelo velho conhecido. O que você insinua ser ignorância política, é sabedoria. Aquela que vocês jamais respeitam, apesar do discurso.

    O povo sabe, Deputado. E sabe muito. Pelos seus parâmetros, que nem sempre são os nossos. Às vezes, coincidem com os meus, como nesta vitória em 2010. Às vezes, não, como na fugaz vitória do seu partido em 2006.

    Abração, Paulo.

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  4. Ah, a culpa é do "Capital", neoliberalismo, alienação do povo (ou "das classes subalternizadas"), das elites, etc, etc!!!???

    Cá entre nós, só na América Latina ainda se dá ouvidos a esse tipo de discurso retrógrado, que opõe a (malévola) democracia burguesa a um tipo de socialismo que nem seus defensores sabem explicar qual é. É, em suma, uma prova inequívoca de nosso atraso político e institucional.

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  5. É necessário contextualizar as palavras do Deputado Bordalo. Há um movimento em curso após a derrota petista. Desde o dia Eleição, quando já se sabia o resultado, foi dada a senha da sabotagem ao Governo Jatene: "deixo um estado mil vezes melhor do que recebi". Mentira! Ana Júlia deixa um Estado interrompido e desorientado politicamente.

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  6. Paulo também12/11/10 07:31

    Um boa parcela do PT acreditava que o PSDB havia definhado pela derrota de 2006.

    Só não consideraram que a elite do Pará não estava morta.

    Pelo contrário, conseguiram unir até os filhos capitalistazinhos em torno do debate do "bem contra o mal".

    Mas a batalha somente começou e ela será travada a cada segundo.

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