segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Sonhos de liberdade
A ninguém é dado o direito de obstruir os sonhos de democracia e de liberdade de expressão. Vida e liberdade quase sempre se confundem. Todo mundo quer ser livre. A história da humanidade tem sido marcada por lutas sangrentas, em nome da busca pela liberdade política, econômica e social. Em Pindorama, os embates por uma sociedade justa e igualitária foram e ainda são uma constante. A situação é pertinaz porque, na prática, a maioria da população brasileira não teve acesso a direitos considerados fundamentais, como saúde, educação, moradia, emprego, justiça e lazer - enfim, cidadania plena.
Se a liberdade dos tupiniquins permanece uma aspiração, não foi por falta de quem lutasse por ela no passado. Quando se pensa que o revanchismo foi banido da agenda política, surgem indícios de que continuam vivos os rancores do passado. Quando se desenha o espectro da Nação nos horizontes da estabilidade institucional, veem-se traçados de improvisação, a denotar falta de rigor técnico, tendência à exorbitância e gosto pelo inusitado.
Personagens dos séculos 18 e 19 enveredaram por uma série de movimentos políticos de caráter separatista, em diferentes pontos de Pindorama colônia. O desejo de liberdade está expresso na bandeira das Minas Gerais, idealizada em 1789. A inscrição em latim: "Libertas Quae Sera Tamen", significa "liberdade ainda que tardia".
A luz do direito à informação, que tem iluminado a democracia desde a Revolução Francesa, recebe, frequentemente, ameaças de apagão. A pergunta traz a dissonância: como um governo com formidável lastro nos ideais democráticos - distribuição de renda, defesa das minorias, liberdade de expressão e promoção da cidadania - pode abrigar redutos autoritários e centro de propulsão do radicalismo?
Só há uma resposta: Nosso Guia, do alto de extraordinário poder, consente e até alimenta as divisões internas. Ou, como se diz de gente maquiavélica, divide para somar. Temos, assim, uma panorâmica de corpo inteiro do governo. O presidente Luiz Inácio, exerce funções do mando executivo usando a força da caneta para fazer e desfazer, seduzindo e cooptando, puxando a orelha de comandados, dando o tom geral da administração.
A luz do direito à informação, fome e miséria alimentaram o espírito de empobrecimento das sociedades, transformando os movimentos de rua em revoluções. Essas explosões revolucionárias que pipocaram em toda a Europa, se tornaram conhecidas como A Primavera dos Povos, em 1848. Aparentemente, os conflitos de 1848 foram um quadro em que se encaminhava para profundas transformações sociais. No entanto, essa perspectiva foi frustrada pelo poderio burguês.
Para complementar. No início de 1848, o pensador político francês Alexis de Tocqueville tomou a tribuna da Câmara dos Deputados para expressar sentimentos que muitos europeus partilhavam: "Nós dormimos sobre um vulcão... Os senhores não perceberam que a terra treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte". Mais ou menos no mesmo momento, Karl Marx e Friedrich Engels, divulgavam os princípios da revolução proletária em 24 de fevereiro de 1848, sob o título (alemão) de Manifesto do Partido Comunista, para provocar aquilo que Tocqueville estava alertando seus colegas, no programa que ambos tinham traçado algumas semanas antes para a Liga Comunista. No mais, todos sabem o que aconteceu.
Dia desses, Nosso Guia com seus surtos autoritários e o obtuso José Dirceu, eminência parda no governo de Luiz Inácio, doidinho para repontar declararam que o problema do Brasil é o excesso de liberdade de Imprensa. Nos corredores da democracia, a isso se chama fascismo.
Até o dia das eleições. Vote consciente. A democracia agradece. Ah! Não esqueça, separe o joio do trigo.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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