segunda-feira, 23 de agosto de 2010

É fato. É fato. É fato. É fato...

Não se pode brigar com os fatos.
Com os fatos ninguém pode brigar.
Aos fatos, pois.
É fato que Carlos Mendes é jornalista.
É fato que tem uma rádio, a Tabajara FM.
É fato que, como jornalista, também trabalha no jornal Diário do Pará.
É fato que o Diário do Pará pertence ao deputado federal Jader Barbalho, candidato do PMDB ao Senado e ex-aliado da governadora Ana Júlia Carepa (PT), candidata à reeleição.
É fato é que Carlos Mendes assinou, no Diário, várias reportagens denunciando supostas irregularidades no alugue, pelo Polícia Militar, de 450 carros para reforçar o sistema de segurança pública.
É fato que as matérias tiveram ampla repercussão, inclusive junto ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Militar, que abriram procedimentos preliminares para investigar a aquisição.
É fato que o jornalista Carlos Mendes, no programa “Jogo Aberto”, que ele apresenta aos sábados, pela Rádio Tabajara FM, juntamente com o também jornalista Francisco Sidou, criticou a aquisição dos carros, nos mesmos termos e no mesmo contexto das matérias publicadas pelo jornal Diário do Pará.
É fato que, conforme mencionado na nota que a “Frente Acelera Pará” emitiu no último sábado, o artigo 45, III, da Lei 9.504/97, veda que, a partir de 1º de julho do ano da eleição, nas emissoras de rádio e televisão, sejam difundidas opiniões contrárias a candidato.
É fato que, se quisesse, a “Frente Acelera Pará” poderia ter pedido direito de resposta ao jornalista Carlos Mendes, que certamente lhe cederia um “Jogo Aberto” inteirinho para o governo do Estado apresentar sua versão, até mesmo pela voz da própria governadora Ana Júlia, se ela quisesse. Aliás, Mendes convidou várias vezes a governadora para ir ao programa ainda no ano passado, quando ainda nem era candidata à reeleição. O pedido foi encaminhado formalmente à Assessoria de Imprensa de Ana Júlia. Ela nunca quis ir ao programa.
É fato que, em vez de pedir direito de resposta, a “Acelera Pará” representou contra a Rádio Tabajara FM à Justiça Eleitoral, pleiteando a aplicação de multa à emissora.
É fato que, muito embora tenha publicado as matérias assinadas por Mendes sobre o assunto, algumas delas tendo sido objeto de manchete de primeira página, o jornal Diário do Pará não foi, pelo menos até agora, incomodado pela “Frente Acelera Pará”.
É fato que a “Acelera Pará” vai alegar que não representou contra o jornal porque a legislação eleitoral é taxativa sobre vedações a emissoras de rádio e televisão, que são concessões públicas.
É fato que tal argumento, se apresentado, soa como uma falácia risível, porque outras mídias – inclusive os jornais e as que estão abrigadas na internet – sofrem restrições severas da legislação eleitoral e são passíveis de sofrer punições, talqualmente (oh, Sucupira, como a realidade supera a tua ficção) – as emissoras de rádio e TV.
É fato que a representação da “Acelera Pará” teve um viés de clara intimidação e de clara conveniência. Foi de intimidação porque serviu como um recado claro a todos os jornalistas, sobretudo e principalmente os do Pará. O recado é: “Vocês podem ser eles amanhã”. Eles, no caso, são os jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou. A representação foi de conveniência porque poupou o Diário, de Jader Barbalho, cortejado, desejado, ansiado, esperado e sonhado aliado de Ana Júlia, na hipótese de que ela passe para o segundo turno contra qualquer candidato que não seja, claro, o peemedebista Domingos Juvenil.
É fato que a governadora Ana Júlia construiu sua trajetória sindical e política se notabilizando em favor das liberdades.
É fato que a governadora, como sindicalista, sofreu na carne, na alma e na consciência os efeitos nocivos, perniciosos, mas desafiadores, de lutar contra sistemas e estruturas excludentes, que se negavam a dar vez, voto e voz à oposição.
É fato que a governadora, em toda a sua carreira parlamentar, sempre se posicionou em defesa da democracia e jamais teve medo de enfrentar divergências, porque as divergências é que dão cor e cara aos ambientes verdadeiramente democráticos.
É fato que o apego ao poder é capaz, infelizmente, de transformar corações, de transforma as mentes, de trucidar o bom-senso, de pisotear na tolerência.
É fato que a Anatel tem poderes fiscalizatórios e deve reprimir as transgressões legais que porventura constatar.
É fato, todavia, que foi muita – muitíssima coincidência – a Anatel fazer uma “inspeção de rotina” e tirar do ar a Rádio Tabajara FM, apenas duas semanas depois das críticas de Mendes e Sidou no “Jogo Aberto” e apenas 48 horas depois da representação encaminhada à Justiça Eleitoral pela “Frente Acelera Pará”.
É fato.
É fato.
É fato.
Não se pode brigar com os fatos.
Com os fatos só brigam os que não gostam que eles sejam expostos em emissoras de rádio, em emissoras de TV, em jornais ou blogs.
Ou na Rádio Tabajara FM, atualmente sob a mordaça.
Uma mordaça que é um fato.
É fato.
É fato.
É fato...

7 comentários:

  1. Estimado Paulo Bemerguy,
    O empastelamento da Rádio Tabajara é digno do mais veemente repúdio.
    Siga lutando, Mendes!
    Charles Alcantara

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  2. Caro jornalista.
    Dá para ser mais curto, mais objetivo em suas postagens? São longas, enchem o saco! Quanto a tal Tabajara, apenas uma perguntinha: você que tem demonstrado ser defensor da moral e dons bons costumes concorda que esteja, que permaneça ativa uma rádio clandestina, ilegal? Por favor, em sua resposta, seja claro, não enrole, diga apenas SIM ou NÃO, e justifique.

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  3. Caro Anônimo,
    Só respondo à pergunta se você, antes, responder a esta aqui: você acha que um Anônimo, quando vem aqui fazer questionamentos desse tipo e não se identifica claramente, é um covarde? Por favor, em sua resposta, seja claro, não enrole, diga apenas SIM ou NÃO, e justifique.
    Abs.

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  4. É fato também que a rádio era clandestina. E é fato que, ao virar notícia, a rádio, antes de minúscula audiência, atraiu para si a atenção da Anatel.

    Pode se brigar com os fatos?

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  5. Não seja incoerente, não fique nervoso. Quer dizer que você posta e responde a dezenas de comentários de Anônimos quando são elogiosos ao seu blog e a você, mas quando são contrários, quando falam a verdade, são co-var-des. Essa não é a postura de um jornalista e de um blog sério.

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  6. Parece que estamos a assistir uma tentativa de chavização da política paraense. Vindo de onde veio o ataque, não fico nem um pouco espantado.

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  7. Vixe...melhor não perder tempo com o das 10:56.
    Ele, tal qual o Lula, pelo jeito, detesta "muito texto".
    Dai...

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