Dilma não é a boba da corte. Não é.

Não há como negar.
Não como disfarçar.
Não como tampar o sol com a peneira.
Ou com um bico.
Mas os tucanos tropeçaram em suas apostas.
Deram uma topada em suas previsões.
Previram – e passaram a fazer dessa previsão uma aposta – que Dilma Rousseff, a candidata do presidente Lula e do PT (exatamente nessa ordem) à Presidência da República seria uma espécie de boba da corte ilustrada destas eleições.
Fiaram-se, mais exatamente, em dois aspectos.
Um: Dilma não se sustentaria sem Lula ao lado.
Dois: que ela, no papel de boba da corte, desfilaria por aí falando besteiras, bobagens, cometendo gafes, tremendo em debates, enfim, divertindo o leitorado.
Acertaram no item um.
Erraram no dois.
Olhem só.
Dilma é inexperiente, de fato, como política.
Mas não é inexperiente como executiva, como gestora.
E como executiva e gestora deste governo, sabe tudo, eis que comandou a Casa Civil na condição de gerentona, um rótulo, aliás, que ela nunca rejeitou até ter sua candidatura selada.
Ninguém, somente os marqueteiros tucanos de Serra, poderia e nem poderá imaginar que Dilma seja incapaz distinguir emenda ao orçamento de um pé de alface.
Nessa condição, é despropositado apostar que ela, nos debates que vêm por aí, falará besteira.
A entrevista na Globo, na semana passada, demonstrou isso.
A candidata foi sabatinada e se saiu bem.
Se fosse uma política experiente, teria sido reprovada no desempenho.
Como não é, saiu-se bem. Mostrou-se segura nas respostas e direcionou os questionamentos para o lado que melhor lhe conveio (putz, que verbo horrível. Mas a conjugação é assim mesmo).
Serra foi melhor?
É claro.
Foi muito melhor.
Tem muito mais experiência do que Dilma na política.
E tem uma notável experiência administrativa.
É natural, assim, que tenha se conduzido com mais, digamos, naturalidade.
E agora?
Com os oito pontos de diferença no Datalha em favor da petista, os tucanos devem refazer suas apostas.
Refazendo-as, devem apostar em apostas seguras.
Do contrário, perderão as eleições para a Presidência da República.
Se é que já não perderam.