sexta-feira, 4 de junho de 2010
Vaga zona azul
Malogrado na sua intenção de privatizar a água dos rios da Amazônia, mas obcecado pela ambição de “fazer dinheiro”, o prefeito Duciomar resolveu agora privatizar as ruas de Belém. Ele descobriu uma nova “mina” urbana com a implantação da famigerada “zona azul” nas principais ruas e avenidas de Belém. Chamou para sócio nessa empreitada uma empresa do Paraná, de nome “Espaço Vago”, com larga experiência no ramo.
Além dos protestos dos flanelinhas, os moradores das ruas “privatizadas” também estão revoltados com a sanha “privatarista” do prefeito de Belém. Amigos que moram em algumas dessas ruas reclamam, por exemplo, que a prefeitura , que já cobra tantos impostos ( incluindo a taxa do lixo que não recolhe e a da luz que não fornece), deveria, pelo menos, dar passe livre para os moradores que não possuem garagem.
Alguns já pensam até em vender seus veículos, que se transformaram do dia para a noite em verdadeiros “micos”. Sim, porque a medida atinge em cheio justamente os menos dotados financeiramente, que já pagam seu carro popular , adquirido sem entrada, em 60 ou até 80 meses. Compelidos agora a também pagar estacionamento em frente de suas residências,
Para muitos não restará outra alternativa que não se livrarem do carro, agora transformado em oneroso trambolho. O prefeito de Belém, com ajuda da Câmara Municipal e sua fiel bancada de vereadores amestrados, está se transformando em autêntico “exterminador” dos sonhos da classe média belenense de ainda possuir um modesto carrinho. Sim, pois a medida, como tantas outras do poder dito público, não atinge os mais abastados, que moram em condomínios e prédios de luxo, dispondo de três e até quatro garagens. Nem a elite de governantes, secretários, prefeito, vereadores, deputados, conselheiros dos tribunais de Contas e demais “autoridades constituídas” e vistosos DAS, todos sustentados pelo distinto público.
Pelo teor explosivo e impopular dessa medida, que não atinge apenas a quem tem carro, mas a muitos outros cidadãos que, a exemplo dos flanelinhas, também vivem da “economia automotora”, a impressão que se tem é que o prefeito está pouco se lixando para a opinião pública. Ele quer é faturar, quem sabe até “fazer caixa” para a próxima campanha eleitoral. E o trânsito? Ora, o trânsito, quanto mais conturbado melhor, deve pensar o prefeito do caos. O importante é que ele se transforme em outra “mina urbana" de faturamento de multas para abarrotar os cofres municipais.
Alguns eminentes jurisconsultos têm manifestado doutas opiniões pelos jornais sobre a possível inconstitucionalidade ou ilegalidade do sistema Zona Azul, mas ficam só nisso. Contentam-se em ver suas teses publicadas na mídia para gáudio de seus egos amazônicos.
Sabe-se que o sistema “Zona Azul” vigora em São Paulo, mas com práticas mais civilizadas, como, por exemplo, a adoção do Cartão do Estudante, Cartão do Idoso e Cartão do Morador, com descontos significativos, alguns até com isenção, no caso dos portadores de necessidades especiais.
Em Belém, a implantação do sistema passou como um trator por cima de todos os possíveis direitos de cidadania de seus munícipes, cometendo-se ainda a suprema boçalidade de se “isentar a Prefeitura e a empresa permissionária (“Espaço Vago”) , de quaisquer responsabilidades sobre a guarda do veículo”, ou seja, eles cobram pelo estacionamento em vias públicas, sem qualquer ônus, só auferindo os bônus.
Pelos termos do “leonino” contrato firmado, Prefeitura e “Espaço Vago” nada têm a ver, por exemplo, se seu veículo for roubado do estacionamento pago...
Só lhe restará, nesse caso, reclamar na delegacia de polícia mais próxima. Ou, quem sabe, queixar-se ao seu bispo ou a seu pastor, caso seja evangélico.
Enquanto os bravos promotores do Ministério Público, como fiscais da lei e agentes da sociedade, não encontram tempo para se preocupar com o tema “Zona Azul”, só resta ao cidadão-eleitor-contribuinte, bovinamente resignado, impotente, saqueado e mal pago, perguntar, fazendo coro com o bravo Comendador Raimundo Mário Sobral: “Valha-nos quem “?
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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br
Realmente estamos mal de prefeito, o atual só implanta medidas para fazer caixa, não tem medida preventiva, profilática, educativa, só visa dinheiro, e o pior nem está nem preocupado com legalidade, viu o que o promotor disse? parece que a assessoria jurídica só tem médico, psicólogo, não tem advogado.
ResponderExcluirDuduciomar de Lama mostra ter grande competência.
ResponderExcluirAfinal, transformou a cidade em uma enorme-mega-giga ...Zona.
No pior sentido da palavra.