Por KEILA FERREIRA, do AMAZÔNIA:
Após um ano de relação conturbada com a base aliada, principalmente com o PMDB, o PT persiste nas negociações com os peemedebistas e intensifica as conversas com outros partidos. O objetivo é formar uma grande aliança política e entrar o ano eleitoral com o pé direito. Em entrevista ao jornal Amazônia, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, avalia estar preparada para a batalha a ser enfrentada este ano, quando deve tentar a reeleição.
Os adversários, segundo a governadora, não a intimidam. Nem mesmo o PSDB, que já escolheu o ex-governador Simão Jatene como pré-candidato. Ana Júlia Carepa acredita que irá enfrentar um PSDB fragilizado e divido por conta do desagrado do ex-governador Almir Gabriel com a escolha do nome de Jatene como pré-candidato. Almir anunciou sua saída da sigla, mas até agora não formalizou a decisão.
'Claro que isso enfraquece o PSDB, afinal de contas o Dr. Almir foi governador por oito anos. No tempo em que ele foi governador, teve um presidente da República do mesmo partido dele. E essa luta demonstra que o PSDB não vai unido para a eleição. Mesmo aqueles que continuam no PSDB e que não saíram, como o Dr. Almir, demonstram uma cisão, um racha muito forte das forças oposicionistas. É uma demonstração porque foi o Dr. Almir que elegeu o sucesso e, agora, estão aí, em plena guerra', alfinetou a governadora.
Para a disputa que se dará este ano, Ana Júlia vai apostar no retrospecto do seu governo e comparar com o que foi feito durante a gestão anterior, de Simão Jatene. 'Se forem comparar os quatro anos deles com os quatro anos meus... Não tenho dúvida de quem tem mais coisas a mostrar ao povo do Pará', diz.
A maior barreira a ser enfrentada este ano, no entanto, está dentro de casa. Depois de uma votação apertada da Lei Orçamentária Anual (LOA), em que os deputados estaduais aprovaram o relatório da peemedebista Simone Morgado - que muda a essência do projeto do Orçamento enviado pelo Executivo, redistribuindo os recursos e acatando mais de 700 emendas - e reduziram de 25% para 18% o percentual de remanejamento, o governo do Estado tentará, agora, reatar a aliança com o PMDB para, além de chegar fortalecido neste ano de 2010, conseguir vitórias importantes na Assembleia Legislativa do Pará, como a aprovação do empréstimo de R$ 366 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
'Até em um casamento, onde duas pessoas se amam e resolvem ficar juntas pelo resto da vida, existe briga, crise. E eu acho que dessa relação entre dois partidos que são grandes tem uma disputa de hegemonia. O PMDB em alguns momentos tem uma posição dúbia. Tem postura de oposição, em outros momentos não', disse a governadora, lembrando que, apesar dos tiros disparados contra a atual gestão, o PMDB continua fazendo parte do governo, estando à frente do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), da Companhia de Habitação do Estado do Pará (Cohab), da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), das Centrais de Abastecimento do Estado do Pará (Ceasa) e da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Pará (Hemopa). 'Nós queremos construir um processo para que tenhamos a chapa mais ampla possível. Claro que o PMDB e o PT estarão nessa chapa. É um processo que o próprio PT discute com outros partidos políticos, como PR, PBT, PP e PDT', revela.
Mas a tarefa para manter o aliado não será fácil. Para demonstrar o descontentamento, o deputado Francisco das Chagas Silva, o 'Chicão' (PMDB), se desligou da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), alegando falta de recursos. 'Nós vivemos uma crise. Quase R$ 30 milhões da Secretaria de Obras estão presos na Assembleia', afirma a governadora, revelando que parte do empréstimo de R$ 366 milhões que está sendo solicitado pelo governo seria enviado para a Seop, antes comandada pelo peemedebista. Segundo ela, não haverá convocação extraordinária para votação do empréstimo. 'No início de fevereiro a Assembleia já volta a funcionar normalmente e eu não tenho dúvidas de que a grande maioria dos deputados tem compromisso com o Pará. Porque o recurso é para atender, inclusive, as prefeituras onde esses deputados têm base. Para atender as obras que estão no município, seja do asfalto, de saúde. Obras que não puderam ser feitas ou concluídas por causa da crise', garante.
Caramba!
ResponderExcluirEssa moça revela-se onde menos se espera. Ou melhor, pela sua baixa inteligência, deveríamso esperar sempre por isso, mas uma esperançosa como eu acaba errando! Mas, às vezes o resultado do erro renova a esperança..rsrsrs...
È muito interessante o que ela diz sobre o empréstimo. Ao afirmar que 30 milhões estavam destinados a SEOP, está dizendo também que há um plano de aplicação e desembolso do empréstimo, certo? Por que ela não o apresenta à população? Assim, ficaria simples avaliarmos se o empréstimo é justo, necessário, ou não. E se os deputados estivessem apenas se comportando como irresponsáveis adversários - pois é isso que ela declara no subtexto - ficariam expostos à opinião pública.
Taí. A partir de amanhã, na volta ao trabalho, vou me interessar muitíssimo por esta "planilha essencial" - não à compreensão da saída do Secretário, mas à destinação dos recursos do empréstimo. Topas me acompanhar nesta pesquisa?
Abração.