domingo, 29 de novembro de 2009

“O discurso dos direitos humanos serve à hipocrisia”

Do leitor Guilherme Scalzilli, sobre a postagem Ahmadinejad, um genocida em potencial:

A camada mais visível das críticas à visita do presidente iraniano remonta à política de “fatos consumados” financiada por Israel junto aos meios de comunicação internacionais. Resumindo, trata-se de utilizar o Holocausto como salvo-conduto para as pretensões expansionistas do governo israelense.
No substrato dessa novela muito reprisada, esconde-se o atribulado contexto geopolítico americano, talvez no momento mais delicado desde as redemocratizações nacionais. Não há qualquer coincidência, muito menos condenação possível, no fato de os interesses estadunidenses serem contrariados quando o governo Obama permite um golpe de Estado no continente e instala bases militares para policiá-lo.
O discurso dos direitos humanos serve a conveniências hipócritas. Se observado o sofrimento das minorias e de inocentes, nenhum governante do planeta seria recebido em qualquer país. Transformar diplomacia em panfletagem étnica esconde interesses que, estes sim, podem levar a consequências muito desastrosas.

3 comentários:

  1. Prezado Guilherme,

    Teu texto me causou espanto porque, na essência, quer dizer o seguinte: se todos vulneram os direitos humanos, sobretudo os chefes de Estado, então que ninguém faça mais esse discurso ou defenda essa bandeira.

    Ora, isso é inadmissível sob vários aspectos: 1) gostes ou não, Israel e Estados Unidos, com todas as suas imperfeições institucionais, são democracias legítimas porque há alternância dos governantes no poder através de eleições limpas e periódicas, há, além disso, mecanismos de controle sobre os governantes, imprensa livre, oposição leal, etc. No caso do Irã, podemos dizer o mesmo? Podemos dizer que os requisitos acima apontados estão presentes? 2. O advento dos direitos humanos são coisa recente na História da Humanidade - o Holocausto ocorreu há cerca de 70 anos e já há quem o negue ou diga -como tu - que se trata de discurso hipócrita.

    Com todo o respeito, com discursos como o teu é que se justificam o recurso à violência e à implantação de governos totalitários.

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  2. Em parte concordo com o Guilherme. Pelo menos no dividendo que o governo de Israel demonstra desejar obter às custas do discurso étnico. Não acho, inclusive, que essa posição oficial de Israel (frise-se bem, oficial e, nã necessariamente do povo judeu) seja respeitosa com as milhões de vítimas do holocausto, pois ao misturar irresponsavelmente as duas coisas (combate ao antisemitismo com diplomacia entre governos)estabelece uma falsa polêmica não me parece respeitosa com as vítimas do antisemitismo. Não penso, entretanto, que todos os que associam a aproximação diplomática ao Irã como reforço ao antisemitismo, estão a serviço da enganosa e inconsequente propaganda oficial governo israelense, ainda que, involuntariamente, possam contribuir para esta, é preciso separar o joio do trigo, sob pena do massacre ao bom senso.

    SÉRGIO PINTO

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  3. Depois de longo tempo fora da terra, eis que deparo com muitas novidades e debates bastante interessantes. Como este aqui, que me arvoro a dar meu piteco. E, nesse sentido, ao contrário do Anônimo das 11:41, minha leitura foi outra, muito mais próxima da que foi apresentada pelo leitor Guilherme Scalzilli. Uma coisa é certa, o mundo ocidental ainda continua a medir os outros com sua própria régua. Se as coisas não obedecem ao padrão estadunidense, não prestam... isso é fato, já que exemplos não faltam.

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