Acesso a trapiche fica difícil

No AMAZÔNIA:

O flutuante do porto do Distrito de Icoaraci, que afundou na última quarta-feira, foi temporariamente substituído por um outro do município de Cotijuba. Quem precisou utilizar o porto de manhã encontrou dificuldades. Idosos, crianças e trabalhadores carregando mercadorias tinham que se arriscar em uma escada de ferro íngreme e escorregadia. Por volta das 10 horas da manhã, homens sem qualquer equipamento de segurança trabalhavam na retirada da estrutura quebrada. De acordo José Antônio Rodrigues, coordenador de transportes especiais da Ctbel, o flutuante quebrado será reparado e colocado de volta no local.
Otoniel Pereira, diretor geral da Agência Distrital de Icoaraci, informa que as providencias para o conserto do flutuante já estavam sendo tomadas antes mesmo dele desabar. 'O problema foi identificado há três dias e, assim que soubemos, foi colocada uma bomba de sucção para retirar a água. Apesar do transtorno, não tivemos nenhum problema sério', alega. Ele explica que o rompimento na estrutura do flutuante teria sido ocasionado pelo tempo. 'Nesta época do ano, no verão, os ventos e maresias são muito intensos. O atrito do flutuante com as pedras e os bancos de areia acabou trincando o fundo da estrutura', explica.
O diretor frisa a importância do porto: 'Esse trapiche recebe um trânsito intenso de pessoas. São 26 barcos que fazem o percurso Icoaraci-Cotijuba, mais quatro barcos da prefeitura. Além disso, todas as embarcações que vêm do Marajó e das ilhas da parte norte da Região Metropolitana de Belém também passam por aqui. Nesta época do ano, em torno de 25 toneladas de açaí também chegam através dele'. Ele reconhece que, devido ao grande fluxo de pessoas, seria necessária uma estrutura maior. Porém informa que, por enquanto, haverá apenas um reparo da estrutura existente.
Populares afirmam que o flutuante já dava sinais de que precisava de reparos há muito tempo e que a Capitania dos Portos já teria ido até o local três vezes, mas nada teria sido feito até o desabamento. Para Soraia Magno, que precisou viajar para Cotijuba na manhã de ontem, o flutuante quebrou por descaso das autoridades: 'Deveriam ter feito um trabalho de prevenção. Agora nós ficamos em situação de risco. Acabei de ver uma criança caindo. Está muito perigoso'.
Muitos estavam revoltados. Quem precisava do porto para transportar mercadorias, estava preocupado com a perda de seus produtos. Ainda assim, muitos trabalhadores se arriscavam na escada de ferro. Era o caso do estivador Luiz Carlos Santos, que há mais de 10 anos trabalha no porto. 'Fica muito ruim trabalhar desse jeito. Muita gente já caiu na água tentando descarregar mercadorias', conta. Segundo ele, a ponte já estava sinalizando problemas há cerca de seis meses.