domingo, 27 de setembro de 2009

Negócio poderia render até R$ 40 milhões, mas falta caixa

No AMAZÔNIA:

Em uma possível negociação do Baenão, o Remo levaria vantagem. Ao menos no quesito 'especulação imobiliária'. O estádio está localizado em uma área nobre de Belém, na qual o metro quadrado custa de R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil. E, além da estrutura, o terreno dá acesso a quatro vias, o que aumenta o valor do imóvel. Portanto, se considerados os 22 mil metros quadrados do estádio, a área custaria R$ 28,6 milhões. Somado o valor do imóvel construído sobre terreno, o estádio inteiro poderia ser vendido até por R$ 40 milhões. Já um terreno numa área afastada da cidade não custaria mais do que R$ 3 milhões.
Difícil mesmo é encontrar uma construtora interessada em fazer negócio. 'Em Belém, a maioria das incorporadoras não tem caixa para fazer esse tipo de negociação. O que se quer é fazer um contrato em que o comprador construa o estádio e, ao entregá-lo pronto, pague a diferença ao Remo. Só que é muito difícil encontrar uma empresa disposta a isso', declarou um corretor imobiliário, que preferiu não se identificar por estar interessado na negociação. Segundo Klautau, já apareceram interessados. 'Mas não há proposta oficial de compra', disse o presidente azulino, em entrevista à imprensa concedida na semana passada.
Pesam contra o Remo o histórico de dívidas e descuidos administrativos. O departamento jurídico do clube, porém, tem trabalhado para limpar a ficha azulina. O início desse processo foi o 'Projeto Conciliar', com a Justiça do Trabalho. O clube também não está mais na mira da Justiça Federal. 'Nós pegamos toda a massa de passivos e dirigimos para o parcelamento. Tudo está sendo pago. Estamos em situação regular e já conseguimos desbloquear todas as nossas contas bancárias, que, quando assumimos, estavam bloqueadas', revela Mauro Maroja.
Se for possível, o Remo espera construir um novo estádio sem precisar se livrar do Baenão. A estratéria é ousada. Consiste em conseguir o financiamento para erguer a praça esportiva, e, ao mesmo tempo, investir nos espaços anexos ao Evandro Almeida. Com isso, o terreno seria valorizado e, dependendo da negociação, não seria necessário se livrar de todo o estádio azulino, mas apenas do Carrossel e da Toca do Leão, por exemplo.

Por que vender?
* Com capacidade para apenas 18 mil torcedores, o Baenão tornou-se um fardo para o Remo. Na atual situação, o clube precisa mais de um Centro de Treinamento. Sem participar de campeonatos, os custos de manutenção da praça são maiores do que a arrecadação do clube.
* Apesar das reformas, não há como ampliar a capacidade do estádio Evandro Almeida. E, para disputar competições nacionais, é necessário ter um estádio capaz de receber pelo menos 20 mil torcedores. Ou seja, o Baenão serve apenas para o Campeonato Paraense.
* O Baenão foi construído em 1917. Ou seja, tem 92 anos e está pra lá de obsoleto. Por isso, é um estímulo a evasão de torcedores. No último Parazão, foi motivo de deboche nacional por não ter nem um placar decente.

Por que não vender?
* Obras demoram muito. Até mesmo o Mangueirão, um estádio público, foi construído em duas etapas. Portanto, o risco de se negociar o Evandro Almeida é dar um tiro no pé e precisar passar anos jogando na casa dos outros.
* A história recente do Remo foi marcada por péssimas administrações. E, caso a permuta não seja feita com transparência, o clube pode perder seu segundo patrimônio em menos de dois anos - a sede campestre foi leiloada pela Justiça do Trabalho em julho de 2008.
* Com o planejamento adequado, seria mesmo necessário abrir mão do estádio Evandro Almeida para construir um novo estádio ou um Centro de Treinamento. Não é mais viável trabalhar para aumentar a arrecadação do clube e construir um novo estádio com o próprio dinheiro.

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