sábado, 26 de setembro de 2009

Conversa revela esquema

No AMAZÔNIA:

A Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe) da Polícia Civil divulgou com autorização judicial uma das conversas que mostram como funcionava a máfia do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na Secretaria Municipal de Finanças (Finanças). A delegada Virgínia Nascimento, à frente da Delegacia de Ordem Tributária, diz que mais pessoas podem ser presas a qualquer momento. A rede criminosa instalada no órgão municipal envolve muito mais gente do que os dois foragidos e os cinco presos na segunda-feira passada (21).
A gravação, autorizada pelo juiz Pedro Pinheiro Sotero, da 5ª Vara Penal da Capital, mostra Benedito Tadeu Galvão Lisboa, um dos presos pela equipe da Dioe, tentando cooptar mais um servidor para invadir o sistema de informação da Sefin e efetuar a fraude. Depois de perder o técnico em informática que acessava os dados devido a um calote dado por José Armando Gomes dos Santos, outro capturado na fraude, Tadeu foi pedir os serviços de outra pessoa. Dentre as promessas feitas para seduzir o assediado, a certeza da impunidade e uma lista grande de processos para regularizar de forma ilegal.
Em um dos trechos, Tadeu comenta quanto era a comissão para quem acessava os dados da Sefin: 'o menino lá, o gordinho, me cobrava 20%. Ele me dava (os dados já alterados) e eu passava o dinheiro pra ele'.
Quando o envolvido explica que o técnico informática saiu de cena por causa da falta de pagamento, deixa transparecer que os pedidos para regularizar o IPTU de forma fraudulenta eram muitos: 'Não pagaram, eles gastaram o dinheiro dele e não pagaram. (...) Inclusive eu tô com uma porrada de IPTU, rapaz'
Os fraudadores operavam muitas vezes com um único dono de vários imóveis, o que garantia lucros altos para quem operava o golpe. A delegada Virgínia comenta que há muitos sinais exteriores de riqueza dos que participavam da fraude. Carros novos, farras, reforma nas casas incompatíveis com os salários que, nos casos com melhor remuneração, chegavam a pouco mais de R$ 1 mil.
Dinheiro fácil - Nas gravações fica claro como o dinheiro entrava fácil para o grupo, beneficiando a todos. Tadeu diz em uma das partes da conversa o valor de apenas uma transação. 'Esta aqui é uma que foi feita, ela era este valor aqui, pra pagamento era (...) vinte e três e poucos (mil reais).'. Depois da alteração, ele conta que 'ela caiu pra mil e oitocentos e pouco'.
Quando o interlocutor, com nome omitido pela polícia para preservar a investigação, pergunta 'quer dizer, não são IPTUs altos assim, não é um só de cento e poucos mil...?', Tadeu responde: 'são vários. Mas é do mesmo dono. Tu tá entendendo?'. E tenta seduzir o servidor para o esquema oferecendo segurança e vantagens financeiras: 'É um negócio seguro. Não voltou nenhum dos que ele fez pra mim. E olha que a gente fez um de R$ 45 mil. Ele me dá guia, eu vou com a pessoa lá (...) só mando fazer quando eu já tô com o dinheiro na mão'.
A delegada Vírginia comenta que os contribuintes envolvidos com o esquema fraudulento também devem responder por crime contra a ordem fiscal. Já estão presos, além de Benedito Lisboa e José Armando dos Santos, Ana Cristina Fernandes Magalhães, Aline da Silva Monteiro da Costa e César de Souza Casseb, considerado o mentor do esquema. A polícia está à procura de Fábio dos Santos Rodrigues e um outro foragido que não teve o nome revelado.
Até o momento são 185 imóveis beneficiados com o esquema que tragou mais de R$ 2 milhões dos cofres municipais. A quadrilha agia regularizando dívidas do IPTU de forma ilegal, cobrando cotas para abater os débitos, sem repassar os valores para os cofres da Secretaria Municipal de Finanças.

2 comentários:

  1. Tanto os servidores quanto os proprietários de imóveis com o IPTU alterados são corruptos. O que me intriga é a publicação apenas dos nomes dos servidores. Quais as razões para esta desigualdade?

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  2. Anônimo,
    Sua ponderação é pertinente.
    Mas o blog apenas postou aqui uma matéria do "Amazônia Jornal".
    Abs.

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