População viveu dia de sufoco sem água

No AMAZÔNIA:

Pegos de surpresa com a falta de água na cidade, os moradores dos doze bairros prejudicados com a explosão na subestação elétrica da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) saíram às ruas em busca de uma solução para garantir a higiene pessoal e o preparo do almoço ontem de manhã. Com uma temperatura de 30ºC na capital paraense, muitos deles recorreram ao lago no Parque Ambiental de Belém, no Utinga, para encher panelas, vasilhas e galões com a água do local. Em bairros como a Pedreira e a Marambaia, a população contou também com a solidariedade dos vizinhos que têm poços artesianos para não ficar na seca.
Donos de restaurantes e salões de beleza tiveram que fazer verdadeiros malabarismos para não perder a clientela. A cabeleireira Hilda Gonzaga, por exemplo, foi obrigada a lavar os cabelos das clientes com água mineral. Apesar de continuar atendendo, ela explica que a solução não foi nada lucrativa para o estabelecimento. 'Um corte de cabelo no meu salão é R$ 10 e um galão de água de 20 litros, que acaba muito rápido, custa R$ 5. No final das contas, não compensa o investimento. Serviços como pinturas de cabelo e alisamento não foram feitos, pois os gastos seriam ainda maiores. A manicure, inclusive, nem veio trabalhar', disse.
A proprietária de um restaurante na Marambaia teve que economizar o que ainda restava na caixa d’água para, pelo menos, conseguir preparar o almoço. A funcionária Maria Cristina da Silva disse que, caso o abastecimento não volte ao normal até hoje, é bem provável que o restaurante não funcione. Até porque durante a noite também funciona uma pizzaria no local.
A solidariedade também fez parte da manhã da empregada doméstica Soaraia Ferreira. Como ela tem um poço artesiano em casa, deixou a disposição dos moradores uma mangueira que jorrou água durante o dia inteiro para quem quisesse. 'Até gente que eu não conheço esteve aqui, mas vale a pena ajudar porque é muito ruim ficar sem água, principalmente em um dia quente como esse', disse.