A banalização da barbárie é, também ela, um dos principais sinais de que o ambiente de violência em que vivemos ultrapassou todos os limites do tolerável.
Na última quinta-feira, dois adolescentes foram mortos por um justiceiro no bairro do Satélite.
Os jornais publicaram a notícia com o merecido destaque.
E aí?
E aí que o caso não teve a menor repercussão.
O poster chegou a mostrar sua estupefação para algumas pessoas.
Ouviu em resposta – igualmente estupefato – que esses justiçamentos atendem ao clamor de uma sociedade que não suporta mais o peso da desproteção, do abandono e da insegurança.
E mais: os que questionam como repulsiva a barbárie sempre são confrontados com aquele velho argumento:
- Mas você não viu o que eles [os bandidos justiçados] fizeram?
Céus!
Estamos mesmo numa selva.
Parece que caminhamos para um modelo de sociedade em que cada um tomará conta de si mesmo.
E cada um fará, com as próprias mãos, a justiça que bem entender.
Aonde vamos parar?
Confesso que, mesmo não sendo adepto da leitura do caderno de sangue dos tradicionais matutinos, cheguei a ler esta notícia, fiz um rápido comentário com minha esposa, que é assistente social e, bem, a vida continuou. A banalização da violência está nos condunzindo para que venhamos a encarar tudo isso com muita naturalidade.
ResponderExcluirOra, caro poster...viemos parar na tal "Terra de Direitos", pois não?!
ResponderExcluirTerra da conversa paga(não fiada) com o dinheiro público;
Terra das grandes verbas de propaganda governamental tentando tapar o sol do caos com a peneira da incompetência oficial;
Terra das boquinhas e sinecuras para ex-marido, ex-cunhado, ex-tudo;
Terra da tal "herança maldita" usada como desculpa para nada fazer;
Terra da saúde, segurança e educação inexistentes;
Terra do governo que está acabando sem ter começado.
Paulo, é um absurdo mesmo. Parece que é mais fácil simplificar a situação argumentando que eles colheram o que plantaram do que refletir que há muito o estado de bem estar social foi suprimido por essa lógica neoliberal, onde nossos jovens estão jogados a própria sorte, infelizmente. Claudia Aguilla
ResponderExcluirPrezado poster,
ResponderExcluirSó aqui entre nós: a situação tende a se agravar exponencialmente, pois sei, por exemplo, de uma quadrilha que anda a roubar o próprio bairro nas Águas Lindas, em Ananindeua, e os moradores, cansados de acionar em vão a Polícia, decidiram armar-se (fizeram uma coleta para comprar armas de fogo) para pôr fim aos meliantes.
Quando o Poder Público não atua, os homens entregam-se à luta de uns contra os outros (homo homini lupus, como escreveu Thomas Hobbes).
O povo é a justiça.
ResponderExcluirMas ela só vale para o pobre.
Alguém já viu um rico ou um político ser linchado por esta justiça?