No AMAZÔNIA:
A Federação da Agricultura do Pará (Faepa) começou a divulgar ontem entre os produtores rurais afiliados a orientação de embargo a 32 frigoríficos que atuam em território paraense. Isso significa não vender, por tempo indeterminado, cabeças de boi para a indústria da carne instalada no Estado. 'Aquele que puder segurar, que evite vender o animal agora', aconselhou o presidente da entidade, Carlos Xavier.
A decisão foi tomada depois de avaliação da Faepa e dos sindicatos ruralistas de que a recomendação do Ministério Público Federal (MPF), de embargo a 21 fazendas, beneficia diretamente as indústrias de carne. Xavier não faz questão de esconder o nome de quem julga ser o culpado pela crise que vive hoje a pecuária. O vilão, para ele, é o grupo Bertin, que possui quatro frigoríficos nos municípios de Marabá, Redenção, Santana do Araguaia e Tucumã, os maiores em operação no Pará.
A tentativa dos industriais, segundo Xavier, é represar a oferta de gado para deixar o rebanho disponível em grande quantidade no mercado. E isso provocaria a queda no preço do boi. Na verdade, já provocou. Em uma semana, o preço da arroba caiu R$ 10,00, uma queda de 15%.
Além da orientação de não vender, o presidente da Faepa revelou que o pecuarista que não puder segurar o animal no pasto só poderá efetivar a transação se a operação for realizada em dinheiro vivo, à vista. 'Não vamos dar capital de giro de graça para nenhum frigorífico', insistiu.
Antes mesmo de assinar o Termo de Ajuste de Conduta proposto pelo MPF e Estado, a indústria da carne já temia esta retaliação. Mas as consequências do embargo respingarão, obrigatoriamente, na população. A primeira delas é que se os pecuaristas não venderem para os frigoríficos, o custo de operação das 32 indústrias vai aumentar porque terão de trazer boi de fora do Estado. E o custo de frete deve ser repassado ao preço final da carne destinada ao consumidor.
A segunda conseqüência é que se o embargo tiver a adesão maciça dos produtores rurais haverá risco de desabastecimento em todo o Estado. 'As indústrias serão as primeiras a fechar', avisa Francisco Victer, presidente da União das Indústrias Exportadoras de Carne do Estado do Pará (Uniec).
Outro prejuízo apontado pela entidade seria a volta das atividades de abatedouros ilegais. Hoje, 30% da carne abatida no Pará são de origem clandestina, segundo a Uniec. Os frigoríficos abatem hoje 2,5 milhões de cabeças de boi a cada ano, sendo que 35% da produção vão para o mercado interno e os outros 65% são destinados ao externo. Já Xavier adverte: o embargo aos frigoríficos 'não quebra de vez a economia do Estado. 'O Pará não precisa trazer boi de fora', garantiu.
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