E quem tem medo de Ciro Gomes? Quem?

“Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputado, de ninguém”.
Este é o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), aspirante à presidência da República.
Este é o deputado Ciro Gomes, sempre estouvado, sempre exasperado, não raro grosseiro, muitas vezes mal educado, quase sempre temperamental e sem medida para dizer as coisas. Na imagem ao lado, da TV Câmara, você vem um momento do deputado em intervenção no plenário da Câmara.
Ao dizer isso que você leu aí, Ciro Gomes desafiou os jornalistas que o ouviam no cafezinho do Congresso para que incluíssem um palavrão na sua declaração. Foi o que os jornalistas fizeram. Publicaram o palavrão, para mostrar a Ciro que também não têm medo dos arroubos do deputado.
Este é Ciro Gomes.
Ciro Gomes diz que não tem medo de ninguém: nem da Imprensa, nem do Ministério do Público, nem de ninguém.
E quem perguntou a Sua Excelência se tem medo da Imprensa, do Ministério Público ou de quem quer que seja?
Ciro Gomes que se vire com seus medos ou com suas coragens.
Ninguém nada tem a ver com isso. Apenas ele.
A questão é que Ciro Gomes, não raro, protagoniza esses arroubos para tentar fazer com que todos tenhamos medo dele.
E quem tem medo de Ciro Gomes? Quem?
Podem ter medo de Ciro Gomes os que já foram ameaçados de agressão por ele.
Como um jornalista de Belém, por exemplo.
Quando o Brasil inteiro já comentava seu namoro com Patrícia Pilar, Ciro veio a Belém.
Um jornalista aproximou-se e, sutilmente, perguntou-lhe se era verdade se ele, um homem público, estava namorando um atriz, figura pública. Os dois estavam desimpedidos.
Ciro, ao ouvir a pergunta, disse educadamente - muito educadamente - que só não quebrava a cara do jornalista naquele momento porque era educado.
Imaginem se não o fosse.
Este é Ciro Gomes.
Enfim, quem tem medo de Ciro Gomes?
Ninguém.
E por que Ciro Gomes falou em medos e o fez com amparo em palavrões desafiadores?
Porque considerou insultuosa a inclusão, numa lista divulgada pelo Congresso em Foco, de seu nome como tendo favorecido sua mãe, uma senhora octogenária, com duas passagens aéreas. Ciro diz que é mentira. Afirma que numa das vezes sua mãe nem viajou e na outra, a viagem foi custeada com recursos dela mesma.
E aí?
E aí que Ciro Gomes tem todo o direito de se defender. Tem o pleno direito, inclusive, de pedir reparação judicial se acha que foi difamado ou caluniado por alguém, por algum meio de imprensa.
Mas não.
Ciro Gomes, o estouvado, acha que não deve ficar apenas nisso.
Como Ciro Gomes é Ciro Gomes, ele acha que, para se defender, precisa dizer que não tem medo de ninguém e, fazendo isso, faz como se estivesse tentando intimidar os outros.

Exemplos? Que exemplos?
E Ciro Gomes ainda tem o desplante de dizer o seguinte (clique aqui e assista no Blog do Josias): “Se o povo brasileiro, por nós e por nosso exemplo, não aprender amar e respeitar esta Casa, o parlamento, a sua nobreza, [...] é a democracia que está sendo ferida”.
Céus!
Alto lá, Excelência.
Alto lá.
“Se o povo brasileiro, por nós e por nosso exemplo...”
“Por nós e por nosso exemplo?”
Deveremos aprender a amar e respeitar o parlamento brasileiro pelos exemplos de deputados, senadores e políticos em geral?
Exemplos?
Mas que exemplos?
Exemplos como esse aí, da farra de passagens aéreas?
Exemplos como esse aí, em que deputado aspirante a presidente da República e que deveria, portanto, ter equilíbrio inclusive em situações extremas, pronuncia palavrões e aponta o dedo na cara de todo mundo?
Exemplos como desse Congresso que não se dá o respeito?
Exemplos como desse Congresso aí, que por sua qualidade mete medo em todo mundo?
Sim, esse Congresso mete medo.
Ciro Gomes não mete medo em ninguém – ou pelo menos não deveria – com seus arroubos, com seus excessos verbais, com suas ameaças.
Mas o Congresso que Ciro Gomes integra, esse sim, é de meter medo.
Muito medo.