Na VEJA:
Não, o senador Gerson Camata, do PMDB do Espírito Santo, não estava comovido com o comportamento repulsivo de seus colegas quando chorou na última segunda-feira no Congresso Nacional. Indignado, ele foi ao plenário reclamar de ter seu nome citado como mais um exemplo da impressionante falta de pudor, compostura e honestidade que assola uma parte substancial do Parlamento brasileiro. Gerson Camata não é o único e está longe de ser o pior caso do festival de pilantragens que deputados e senadores vêm promovendo com o nosso dinheiro. Ele, porém, é um bom exemplo da ausência de parâmetros minimamente civilizados quando o tema é o uso de recursos públicos. O senador está em seu terceiro mandato, mora em Brasília com a esposa, a deputada Rita Camata, é proprietário de um apartamento na cidade, mas o casal não abre mão do auxílio-moradia de 6 800 reais por mês. Confrontado, ele se disse vítima de aleivosias – e foi às lágrimas. "Como é fácil destruir 42 anos de vida pública, de trabalho, de dedicação, com seriedade, sem nenhuma comprovação", lamentou. Os sentimentos de Gerson Camata provavelmente são verdadeiros. A maioria dos parlamentares não vê problema algum em usar dinheiro público para passear com a família no exterior, pagar a conta de telefone celular dos filhos ou abrigar parentes e empregados domésticos nos gabinetes. Um grupo – felizmente menor – ainda se permite acrescentar ao rol de facilidades contratar fantasmas, embolsar parte do salário dos funcionários e até receber propina. Portanto, se há alguém que tem motivos de sobra para chorar são os eleitores.
Não é de agora que deputados e senadores confundem o público com o privado. Em fevereiro passado, o deputado Michel Temer e o senador José Sarney, dois veteranos e profundos conhecedores do que há de bom e de ruim no Congresso, tomaram posse nas presidências da Câmara e do Senado com promessas de moralização. Mas o que aconteceu na prática foi exatamente o contrário. Nos últimos três meses, o Congresso não votou nada de importante e submergiu na maior crise ética de sua história. Na semana passada, a imagem do Legislativo bateu no fundo do poço. A troça com dinheiro público em benefício pessoal atingiu igualmente deputados e senadores, oposicionistas e governistas, éticos e fisiológicos, veteranos e iniciantes, figuras do alto e do baixo clero. Em entrevista publicada na edição passada de VEJA, ao explicar o caso do deputado Fábio Faria – que levou a então namorada Adriane Galisteu para um passeio nos Estados Unidos por conta do Erário –, Michel Temer disse que o ocorrido não passava de um "equívoco de A, B ou C" em meio a um "comportamento correto da maioria dos parlamentares". Não era. A malandragem envolvia o abecedário completo, do A de Agaciel Maia, o ex-diretor-geral do Senado, passando pelo C de Ciro Gomes, pelo F de Fernando Gabeira, atingindo o M de Michel Temer e terminando com o Z de Zé Geraldo. Mais da metade dos deputados, assim como o galã Fábio Faria, usou passagens aéreas da Câmara para fazer turismo no exterior com namoradas, esposa, filhos e amigos.
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Erramos todos e estamos na UTI. Se não entendermos os recados da sociedade, em poucos dias estaremos todos sob sete palmos de terra.
ResponderExcluirAliás, de lama.
Vic Pires Franco
Deputado Federal
É verdade, deputado.
ResponderExcluirMas reconhecer os erros e evitar cometê-los novamente sempre é virtude a ser considerada.
O que todos esperamos é que o Congresso inteiro entenda isso.
É digno de louvor que você esteja consciente disso.
E acreditamos, sinceramente, que evitará cometer novos erros desse gênero.
Abs.
Tenha certeza disso. Não é porque todos erramos achando que fazíamos a coisa certa que tudo se justifica.
ResponderExcluirPrecisamos passar a Casa a limpo.
VPF
VPC - V. Exa. indenizou a Camara pelo fornecimento de passagens para pessoas que não fazem parte da sua familia? Este é o que esperamos do senhor. Só passeia quem tem dinheiro, quem não tem apenas pensa em viajar.
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