segunda-feira, 30 de março de 2009

Revolta e dor marcam velório

No AMAZÔNIA:

Ameaças de morte, medo e nenhuma medida concreta para garantir a vida. Foram assim os últimos dias do agente prisional José Mário da Silva Viana, 32 anos, assassinado no Barreiro anteontem, quando participava de uma festa de aniversário. O corpo do agente foi velado ontem em uma residência na passagem Umarizal, por parentes e colegas de trabalho. No local, o clima era de consternação pela morte anunciada e de indignação, já que nada foi feito para garantir a vida do agente, baleado duas vezes na casa do cunhado, na frente de parentes. Os dois assassinos também atiraram no irmão de José Mário, mas os tiros falharam.
Os companheiros de trabalho não escondiam a revolta pela morte do agente, prometida por bandidos há algumas semanas e concretizada anteontem. José Mário era lotado no Presídio Estadual Metropolitano 3 (PEM 3), no Complexo Penitenciário de Americano, em Santa Isabel do Pará, há um ano e três meses. Segundo uma agente que ingressou juntamente com José Mário no Sistema Penal, o sentimento dos colegas de profissão da vítima é de revolta, já que nenhuma medida foi tomada para evitar a morte.
'Esse nosso trabalho não dá segurança alguma. O agente morre e a nossa família fica sem nenhuma garantia e sem segurança. Trabalhamos para o Estado e ninguém faz nada por nós. Moramos do lado dos bandidos. Não são só os policiais, não. Essa é a realidade de toda a Segurança Pública. Podemos até deixar de ser agente prisional, mas para o bandido a gente nunca deixa de ser um. Pelo salário que a gente ganha não vale a pena não', desabafa a agente, cuja identidade será preservada. Ela denuncia ameaças constantes sofridas pelos carcereiros - outras execuções foram registradas nos últimos anos -, que não permitem a entrada de drogas no presídio. As ameaças contra José Mário e a equipe dele começaram no dia 30 de janeiro, quando onze presos fugiram do PEM 3.
As buscas pelos assassinos continuam. Até ontem de manhã, nenhum deles havia sido capturado. O tenente Nonato, da 1ª Zona de Policiamento Urbano (1ª Zpol/PM), apoia a família do agente prisional trabalhando na caçada pelos homicidas.
PM se omite - Uma mulher, segundo as investigações, está envolvida na morte do agente. Ela teria levantado o endereço da vítima e informações sobre a rotina dele para facilitar o plano de execução, conforme relataram parentes de José Mário. Um dos irmãos de José Mário disse que a PM foi avisada sobre os dois homens que rondavam a casa da família do agente momentos antes do crime. Nenhuma viatura foi enviada ao Barreiro para prender os assassinos.
'Sabiam que ele era um agente prisional e não deram apoio para ele', comentou um dos irmãos, que também não quis revelar o nome. A família de José Mário teme represálias dos bandidos que mataram o agente. O corpo de José Mário foi enterrado às 15h de ontem no cemitério do Tapanã.
José Mário foi morto por volta das 14h30 de sábado quando deixava o sobrinho na casa do irmão e da cunhada, na passagem Gastão, na área do Barreiro. Momentos antes, dois homens o seguiam, armados, pelo bairro. Assim que entrou na casa do irmão, um dos assassinos invadiu a residência em meio à festa atirando. O cúmplice ficou na entrada do imóvel, dando cobertura. José Mário foi baleado duas vezes. O irmão dele, Antônio Carlos da Silva Viana, só não morreu também porque a arma dos criminosos falhou três vezes. José Mário morreu a caminho do Pronto-Socorro do Umarizal, na travessa 14 de Março.

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