segunda-feira, 30 de março de 2009

Domingo de muito trabalho

No AMAZÔNIA:

Domingo é conhecido como o dia oficial do descanso. Mas, também pode ser de trabalheira e calor infernal, como foi para os moradores dos 18 bairros que ficaram sem água durante todo o dia de ontem. Cada um dos 500 mil habitantes de Belém que encontraram as torneiras de casa vazias fez o que pôde para garantir a água do almoço e, principalmente, a do banho, já que a temperatura média foi de 29º C. A interrupção no abastecimento das residências foi para que a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) pudesse realizar os testes da segunda etapa da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) do Bolonha, segundo anunciou a empresa.
Mas, independente da interrupção de ontem, o problema é grave. Mesmo morando a poucos metros da estação do Bolonha, o funcionário público Washington Oeiras sofre constantemente com o abastecimento de água precário no bairro do Marco. Segundo ele, falta água no bairro pelo menos quatro vezes ao dia. E, quando volta, o líquido vem na cor amarelada. 'Um dia a gente toma banho com tucupi e no outro com suco de maracujá', ironiza. Para consumir uma água 'menos impura', ele coloca um pano na mangueira para 'filtrar' um pouco da sujeira.
Como garantia para o abastecimento de água do final de semana, ele foi ao supermercado comprar mais um cesto para servir de reservatório. Há pouco mais de um ano no Marco, ele pretende vender sua casa recém-construída para não ter que passar mais por esse tipo de problema. 'A bebê da casa pegou coceira, assim como todo o resto da família. A pedra do filtro é trocada de três em três semanas, pois rapidamente fica sem condições de uso. Toda noite a gente tem que ficar enchendo balde. Já virou um ritual. Não vale a pena ficar aqui', explicou. O professor Jorge Dias, morador da Cremação, quando soube que faltaria água por meio de anúncio da Cosanpa veiculado na tevê, transformou até a lavadora de roupa da casa em reservatório de água. Ele conseguiu guardar mais de 60 litros de água e estabeleceu uma lista de prioridades com medo de que o abastecimento não voltasse no horário divulgado, às 22h. O primeiro item da lista de Jorge Dias foi o preparo do almoço, seguido do banho no bebê e, por último, a lavagem da louça.
A dona de casa Ana Maria Lobato, moradora do bairro da Condor, além de um recipiente que armazenou 50 litros de água, ainda encheu os baldes da casa.
Apesar da falta de água 'oficial' ter sido ontem, os moradores do bairro de Canudos ficaram sem abastecimento desde o sábado de manhã. A aposentada Maria de Nazaré Botelho encheu vários baldes logo depois que a água voltou para garantir o banho e o almoço do dia seguinte. O problema é que a água que sai da torneira da casa de Maria é tão suja que chega a formar uma espécie de goma no recipiente. 'Uma imundície', ressaltou.

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