quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Imaginem os outros... Imaginem!

Estou contando a minha via crucis na Unimed porque a primeira coisa que me veio à cabeça foi o sofrimento dos que não têm plano de saúde e vão às filas do SUS. Que uma cabeça iluminada propôs, no Fórum Mundial de Saúde, ontem, ser declarado patrimônio da Humanidade.

É assim que termina a postagem intitulada Ah, a saúde, disponível do blog da jornalista Franssinete Florenzano.
É imperdível.
Comece você a leitura pelo início, pelo meio ou pelo fim, e de qualquer forma terá um testemunho que nos convida a imaginar como é que vivem as pessoas sem plano de saúde, que madrugam nas filas do SUS.
Franssi, você – e muitos de nós – ainda pode considerar-se uma felizarda.
Você tem um blog no qual pode fazer esse relato.
Tem uma filha dedicada que a acompanhou.
É felizarda porque suas dores, muito embora fortes, foram mitigadas com a prescrição dos medicamentos necessários que você pôde comprar.
Em situação pior, Franssi, muito pior estão aqueles que, como você diz, não têm plano de saúde.
Gente pobre, desprezada.
Gente que é apenas um número nas estatísticas.
Gente que não tem voz para dizer o que sente.
Gente que vai sozinha para as filas, literalmente arrastando-se, sem a companhia de ninguém.
Gente que, além das dores físicas, sente na alma a dor lancinante do abandono. Do abandono que humilha.
Gente sofrida, que inspira os demagogos de todas as horas a manter discursos criminosamente demagogos. E mentirosos, é claro.
Franssi, sua postagem, pela oportunidade e sinceridade, também cai como uma luva para mostrar a tantos de nós, jornalistas, o quanto somos tantas vezes omissos em protestar contra omissões clamorosas, que conduzem a situações como as que enfrentam os desprezados do SUS.
Leiam a Franssi.
Por ela, vocês terão uma idéia aproximada de como tanta gente deve viver.

2 comentários:

  1. Obrigada, Paulo. É desesperante saber quanta gente madruga nas filas, por exemplo, do Hospital Ofir Loyola, onde a demanda é de gente muito pobre e com câncer. Quantos médicos neurocirurgiões tem para atender tanta gente lá? Pouquíssimos. Neurocirurgia pediátrica, então, nem se fala. Remédios, não há. Leitos, também.
    Nos postos do SUS, a tragédia é diária e todo mundo faz que não vê.
    Quer um exemplo? Minha mãe ajuda há muitos anos uma criança muito pobre que precisa de hormônio para crescimento e mora em Santarém. Ela se prontifica a entrar na fila e ir buscar o remédio, embalar no isopor gelado e enviar por Sedex a Santarém, para que a criança não interrompa o tratamento, já que não tem como vir a Belém.
    Minha mãe tem 70 anos e faz questão de ir pessoalmente. É um horror. O remédio acaba porque não fazem licitação. Ou porque fazem, mas fazem mal feita e aí é impugnada ou anulada. E as pessoas que sofrem dores pavorosas ficam sem o mínimo de atendimento para suportar tanto sofrimento.
    Paulo, o que você escreveu deveria tocar fundo nas autoridades, nos que se envolvem nos meandros do excesso de burocracia e esquecem do dever maior, de preservar a vida, de valorizar a necessidade da multidão flagelada.
    Infelizmente, a sociedade é capaz de se mobilizar para enviar doações para vítimas de vulcões, enchentes, tornados. Mas não enxerga os famintos e massacrados pela dor que estão aqui ao nosso lado, juntinho de nós, que insistimos em não ver.
    Suas palavras, Paulo, me dão alívio à alma. Deus te abençoe.

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  2. Franssi,
    Você é que merece a referência pela sensibilidade com que abordou esse assunto.
    Um assunto que diz respeito a todos nós, não é?
    Grande abraço - e recupere-se!

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