sábado, 3 de janeiro de 2009

A guerra dos quatro dias

Na VEJA:

A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro. Se eu puder, uso dez vezes mais violência. Ou cem. Ou mil. Sei que você vai querer se vingar, mas estarei preparado, à espera. Eternamente, se for preciso. Essa é a lógica da guerra dos quatro dias, mas que pode se estender, desfechada por Israel contra um dos lugares mais desgraçados do mundo, a Faixa de Gaza. O pedaço estreito de terra desértica e superpovoada ficou ainda mais perigoso depois que o Hamas, uma organização nacionalista permeada pela ideologia dos radicais muçulmanos, o transformou numa espécie de segundo estado palestino – o primeiro fica no território conhecido como Cisjordânia e é governado pelo Fatah; os dirigentes de cada um dos pedaços de uma futura e já tão alquebrada nação palestina se odeiam.
Desde que o Hamas tomou o poder em Gaza, Israel bloqueia o território, com as tristes e previsíveis consequências para a população civil, privada de quase tudo. Houve uma trégua nos últimos meses, mas ela acabou quando o Hamas voltou a disparar foguetes, toscos embora perigosos, contra cidadezinhas israelenses fronteiriças. Invocando o direito de garantir a segurança dos moradores da região, no sábado 27 Israel lançou uma série arrasadora de bombardeios contra Gaza. Os alvos visavam à estrutura de poder do Hamas – a central do aparato de segurança, o quartel da polícia, depósitos de armas, lugares onde dirigentes da organização trabalham e vivem. Prédios inteiros foram, literalmente, evaporados. Bombardear cidades só pode ter resultados terríveis. Dos mais de 370 mortos em quatro dias, cerca de sessenta eram civis, inclusive crianças, nas mais desoladoras das cenas. Cinco irmãs, todas menores, morreram numa mesma casa. Em outra, vizinha de um dirigente do Hamas, mais três meninos pereceram. Os foguetes vindos de Gaza persistiram. Morreram quatro israelenses, incluindo uma mulher beduína.

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