domingo, 2 de novembro de 2008

Rejeitados, eles são 'acolhidos' no crime

No AMAZÔNIA:

A tragédia de ser rejeitado pela família pode explicar porque Mário* considera uma segunda mãe a prostituta que o tirou da casa dos seus pais, no interior do Pará, quando ele tinha 12 anos. Filho mais novo de um casal de lavradores, foi rejeitado pelo pai ainda criança e abusado por um amigo dos irmãos mais velhos quando tinha 8 anos. 'Eles (irmãos) combinaram com um amigo para que ele me pegasse a força'. Quando fugiu de casa, Mário nunca tinha saído do Pará, mas em um mês se viu sozinho em Imperatriz, cidade do Maranhão, quando a mulher que o aliciou fugiu.
Sem uma casa para retornar e a rejeição do pai e irmãos, apelou a caminhoneiros para chegar a São Paulo, onde passou a tomar hormônios e fez as aplicações de silicone que, de acordo com sua interpretação, lhe valem o corpo feminino e atraente. Três anos depois chegou ao Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Aos 17 anos, Mário* conta sua história com uma segurança suspeita. Diz que transita pelo Rio com desenvoltura, tem um caderninho com clientes famosos e há pouco mais de dois meses 'se livrou' de uma cafetina que cobrava alto pelo aluguel. 'Se eu tivesse oportunidade de estudo, trabalho e fosse de uma família estruturada, não teria vindo. Isso aqui não é vida pra ninguém'.

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