domingo, 9 de novembro de 2008

Reagiu, morreu. Bandidos matam sem piedade.

No AMAZÔNIA:

Quanto vale a vida de uma pessoa? Não apenas em Belém, mas em todo o Brasil, lemos e ouvimos relatos de assassinatos por encomenda. Fatos banais levam a um ato extremo: terminar com a vida de alguém. Com o passar dos anos e com o aumento da criminalidade, a impressão que se tem é que a vida agora tem um preço. E não é tão valioso. Pode custar R$ 50, R$ 2 ou uma 'peteca' de cocaína. Quase sempre, o envolvimento com o tráfico de drogas não é, nem de longe, uma história com final feliz. Ter dívidas com traficantes é como assinar um atestado de óbito. E depois da morte, fica praticamente impossível descobrir qual era o valor da dívida, já que o mandante ou assassino consegue escapar na maioria dos casos. E fica o dito pelo não dito. Como disse Renato Russo em sua canção 'Mais do Mesmo', gravada em 1987: 'Em vez de luz, tem tiroteio (... ). E agora você quer um retrato do País; mas queimaram o filme'. Onze anos depois, a história parece ter piorado.
Tiros na cabeça e nas costas tiraram a vida do servente Daniel Mafra Pinto, de 29 anos, conhecido como 'Gaguinho'. Ele foi morto em Marituba na madrugada do último dia 1º. Segundo as primeiras informações repassadas pela polícia no dia do crime, Daniel cometeu 'um crime dentro do mundo do crime': ficou devendo a traficantes. Familiares afirmaram que ele era usuário de drogas, apesar de nunca ter sido preso anteriormente.
Em outubro deste ano, Jefferson Ronaldo Machado, o 'Naldo', de 30 anos, foi alvejado com pelo menos quatro tiros em um conjunto localizado na rodovia Augusto Montenegro. Segundo informações, ele devia R$ 200,00 a um traficante da área. O acusado do crime, Ivanildes Jesus Farias Silva, conhecido como 'Chocolate', foi preso pela Polícia Militar e confessou que a vítima tinha uma dívida com ele e não queria pagar. 'Ele tinha dinheiro para beber pelos bares, mas não me pagava', disse na Seccional Urbana de Icoaraci.
Mas não é apenas o tráfico de drogas que costuma resultar em crimes. Briga entre vizinhos, ciúmes, confusões em bar, inveja e rixa também são campeões da categoria 'banalidades fatais'. Mas a questão vai além. Quando não conseguem tirar nada de uma vítima, assaltantes se vingam atirando e matando. Aquela pessoa nunca poderia imaginar que sua vida valia o mesmo que qualquer objeto ou trocado: um celular ou R$ 5 poderiam ser suficientes para poupar-lhe da morte.
O comandante da 6ª Zona de Policiamento (Zpol), major Michel Camarão, poderia passar um dia inteiro relatando os casos de assassinatos por motivos banais que já presenciou em sua carreira como policial. Ele lembra o caso de uma senhora que morreu nas mãos de bandidos em Icoaraci, no ano de 2006. Era por volta de 6 horas quando a senhora (o policial não lembra o nome dela) saiu da residência dela em direção à casa da vizinha. Naquele horário, a movimentação na rua era fraca. Bandidos se aproximaram e anunciaram o assalto. A mulher não tinha nada que pudesse entregar aos assaltantes. Um deles resolveu vingar-se: atirou e matou a senhora. Os assassinos tiraram da mulher o que ela tinha de mais precioso: a vida.

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