sábado, 22 de novembro de 2008

Dinheiro na banca é vendaval


Enquanto a crise financeira espalhava o pânico nos mercados do mundo todo, o nosso otimista presidente dizia que o Brasil estava "blindado" contra esse tipo de vendaval econômico e que, no máximo o que poderia chegar por aqui seria uma "marolinha".
Marolas à parte, o Banco Central já deu o sinal verde para socorrer a banca e os bancos com um generoso pacote de R$ 20 bilhões. As montadoras de automóveis também querem assaltar o "butim" da viúva. Aliás, essa crise tem servido para desmascarar algumas verdades estabelecidas pelo establishment, como a de que, por exemplo, "sua excelência,o mercado" é intocável. Crescemos ouvindo os comentaristas econômicos ditando na televisão e nos jornais que o Estado não deve interferir no mercado, que este deve funcionar livremente como agente regulador da própria economia; que a iniciativa privada deve ter autonomia e ser incentivada para consolidar a economia de mercado, como fator determinante da geração de emprego e renda, coisa e tal... Tudo lorota! Na hora do "aperto", todos querem "mamar" nas generosas tetas da "viúva", ou seja, no erário (otário) público...
Também ouvimos , em todas mídias, aconselhamentos dos sábios economistas de que devemos destinar o nosso 13º salário para quitar as dívidas e aplicar as "sobras" na poupança. O competente economista Roberto Sena, do Dieese, que me desculpe, mas gostaria que ele revelasse, em termos percentuais, quantos assalariados (operários, comerciários, bancários, funcionários públicos etc. ainda podem aplicar o 13º na poupança depois de pagar suas dívidas... Já houve um coronel ministro do Trabalho do governo militar que disse que o trabalhador poderia pagar suas dívidas e até tomar uma "cervejinha" com o salário-mínimo e ainda depositar as "sobras" na poupança...
Os ventos da crise, qual furacão, derrubaram as ações, transformando as bolsas de valores em castelo de cartas marcadas para "micar". As ações, incluindo as mais nobres, viraram "papel podre" nas mãos trêmulas de aplicadores perplexos, sobretudo os aposentados. Os fundos de pensões, grandes aplicadores do mercado, procuram (procuravam) manter o equilíbrio de seu fluxo financeiro, de modo a assegurar o pagamento de pensões a seus aposentados e pensionistas até que a morte os separe. Agora, virou tudo japonês. Ninguém mais confia no mercado de ações.
Como "em tempo da guerra a mentira é como terra", por via das dúvidas, as pessoas (os assalariados) voltaram a guardar o dinheirinho que sobra (?) debaixo do colchão, aumentando suas preocupações só mesmo com o ladrão... Egressos ou sobreviventes da economia de mercado, passamos a conviver com a economia de guerra e também com terrorismo econômico. De repente, não mais que de repente, os bancos pedem socorro aos governos. Logo eles que apresentam bilhões de lucros em seus balancetes e balanços? Quem iria imaginar que os próprios bancos estão "balançando" na corda bamba da crise? Logo eles, que foram "agraciados" pelo governo (BC) com a criação de 28 novas taxas de serviços bancários só para compensar as perdas de arrecadação com o fim da CPMF?
Uma pergunta não quer calar: então o governo, que vai vetar a correção dos benefícios de aposentados e pensionistas alegando falta de recursos orçamentários, é o mesmo governo que praticamente vai "doar" R$ 20 bilhões de reais aos bancos, os pilares do capitalismo selvagem ?
Sem ser especialista nessa área tão árida, em que até os "doutos" economistas quebraram a cara, com suas previsões que o vento da crise levou, arrisco um palpite, em forma de perguntas, aquilo que mais um jornalista sabe fazer:
Será que essa crise mundial não é um novo tigre de papel, "fabricado" por megainvestidores espertalhões do mercado (desculpem o palavrão) bursátil?
Será que eles não estão indo vorazmente às compras de ações, enquanto os pequenos e "comuns" investidores estão com pavor da bolsa?
Lembram da crise do "barbeiro" (o mosquito), que quase acabava com uma instituição sagrada da cultura paraense, o batedor de açaí? Pois bem: há indícios fortes de que aquela "crise" teria sido "fabricada" por megaempresários do ramo, donos de empresas de exportação da polpa do açaí, que está "bombando" no mercado externo...
Qual o foco da "crise do barbeiro"? Seria espalhar o medo na população de adquirir o açaí que não fosse "pausterizado", processo caro que só as grandes empresas podiam oferecer.
“Se non é vero...”

O Proer dos endividados
Endividados de todo o Brasil, alegrai-vos!
Finalmente, vai sair um "proerzinho" que tem toda a "ginga" de ser um presentão de Natal do Papai Noel Lula-lá .
O nosso presidente, que não é besta, mandou fazer uma pesquisa para saber o que a "classe média" brasileira andava pensando dele. Ouviu "cobras e lagartos" e alguns palavrões impublicáveis...
Então, por via das dúvidas, resolveu não mais ir ao estádio para ver o jogo Brasil x Portugal, em Brasília, temendo nova vaia, tipo aquela que levou no Maracanã lotado.
Afinal, uma seqüência de vaias homéricas ia acabar desmoralizando as pesquisas que o colocam no "pódio" como o presidente mais popular da história republicana. Lula pensou e teve uma idéia genial: preciso conquistar a classe média, sob pena de virar refém no Palácio. Então surgiu a "sacada" de perdoar as dívidas de quem deve até R$ 10 mil, ou seja, 99,9% da classe média brasileira. Afinal, os bancos não vão ter prejuízo, com certeza. E ele fica de bem com a "banca" e com a classe média, pois não? Genial, presidente.

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br

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