No AMAZÔNIA:
Depois do susto com a operação 'Arca de Noé', os trabalhadores do jogo do bicho aos poucos voltam às atividades normais. Após dois dias da operação, o Ministério Público do Estado (MPE), que coordena o Geproc (Grupo Especial de Prevenção e Combate às Organizações Criminosas) informou que, ainda aguarda reunião de avaliação com todo os órgãos de segurança envolvidos na operação para poder se manifestar.
Para mostrar que, apesar do jogo ainda ser tipificado como contravençâo, mas não é considerado ilegal por grande parte da população e também porque eles assumem a atividade como um trabalho igual a outro qualquer, os trabalhadores assumem os riscos nas ruas de Belém e garantem que não estão cometendo nenhum crime. 'Joga quem quer e cada um aposta o valor que quiser e puder, pode ser só o troco da padaria ou da feira, são poucos que apostam mais alto', garante uma pessoa que prefere não se identificar.
Ela vive a zooteca 24h por dia nos últimos anos, depois que passou até a juventude impedida pelo pai de se aproximar do jogo, porque ele exigiu que se formasse em uma faculdade para ter outra ocupação, o que não aconteceu.
Para alegria dela e dos trabalhadores, ontem não houve nenhum problema e foi possível começar a recuperar o dinheiro perdido, já que nos últimos trinta dias garante que não houve lucro por causa dos prêmios que tiveram que pagar. 'Temos a nossa margem de lucro, mas não é como antigamente, e às vezes passamos um bom tempo sem faturar', garantiu.
A tradição do jogo do bicho não sustenta somente quem trabalha, mas também que sabe interpretar a vida e os sonhos. Outros têm a sorte natural dos apostadores, como a manicure Maria José Osório. Ela é uma das apostadoras temidas por cambistas. 'Comprei muitas coisas, montei a minha casa, comprei tudo, e algumas vezes que estava aperriada, sem clientes como no período de férias de julho, sempre fiz uma fezinha e me dei bem', comemora sempre. A solidariedade entre quem trabalha na atividade também é característica marcante.
A cambista Nilde, que trabalha na Pedreira, há anos divide os 20% que fatura com a viúva e a família do cambista Vavá, que era dono do ponto que ela herdou e que a ensinou a fazer as apostas. No centro comercial de Belém o cambista Nivaldo fatura o sustento dele e de mais seis pessoas, entre elas três crianças para quem paga escola. Ele espera bom senso para resolver a ilegalidade do jogo do bicho. 'Que deixem a gente fazer o jogo ou legalizem de uma vez, o que é ruim é trabalhar assustado', reclama.
Ele diz que se houve tantos anos de tolerância, não é justo que agora seja criminalizado. 'É preciso resolver o problema social, não pode quebrar o vínculo de trabalho da gente de uma hora para a outra. É preciso conversar para resolver a situação, pois ninguém quer afrontar o Estado', diz.
Tudo tranquilo, positivo e operante no zoo-jogo.
ResponderExcluirEsperar que dê "zebra"?
Nunca...rs