sexta-feira, 3 de outubro de 2008
O engodo do voto útil
Na reta final das eleições municipais, crescem a expectativa dos eleitores e a angústia dos candidatos. Tem candidato que anda exaurido não só pelas caminhadas nos bairros, ruas e vielas da periferia, afagando idosos e beijando criancinhas, como, também pela "exaustão do material" de propaganda e pela falta de grana fácil. Nessa eleição, os habituais "padrinhos", principalmente os empresários de ônibus solícitos e alguns empreiteiros endinheirados, parecem assustados e se recusam a entrar no jogo eleitoral.
Muitos ainda estão ressabiados com o "efeito Chico Ferreira", aquele empresário e "padrinho" de alguns candidatos em passado recente. Condenado a mofar na cadeia, acusado de ser mandante do bárbaro crime contra os irmãos Novelino, o outrora grande patrocinador de candidaturas majoritárias e algumas minoritárias amarga hoje a solidão do cárcere. É carta fora do baralho, mas deixou uma intricada teia de "relações perigosas" no mundo político. Exerceu grande influência nos bastidores do poder até pouco tempo, assumindo ares de um "condestável" de densa plumagem. Esse é um exemplo emblemático de como ainda se faz política no Pará e em todo o Brasil. Política fisiológica e pequena, que visa apenas a conquista e manutenção do poder a qualquer custo e acaba virando moeda de troca de favores e de interesses quando o candidato "apoiado" se elege a algum cargo público.
A ausência de "patrocinadores" explica, em parte, a apatia das eleições municipais/2008. Outro fator preponderante para o desânimo do eleitor é a pobreza, quase indigência, de idéias e de propostas. A população de Belém assistiu com enfado, no "Hilário Eleitoral Gratuito", ao desenrolar de propostas que se repetem a cada nova campanha, mas que acabam sendo adiadas sine die. Todos os candidatos prometem renovação e mudanças. Os "atores" políticos no palco dos debates na TV parecem pouco à vontade frente às luzes e câmeras e dão a impressão de que foram "programados" para representar um papel "passado" pelo marqueteiro.
Com esse "tempero", os debates acabam ficando "gelatinosos", cheios de "regras" e pobres de imaginação e emoção. Nesse cenário quase desolador, não se vislumbra mudanças efetivas com a eleição de qualquer um dos candidatos "viáveis". O dramático disso tudo é que a cidade tem problemas sérios que não podem mais esperar quatro anos de promessas e de omissões.
Belém está crescendo desordenada e verticalmente, e a população sofrendo a cada dia, um pouco mais, os efeitos danosos do trânsito engessado, da insegurança de andar sobressaltado, das ruas esburacadas, das calçadas irregulares, do lixo jogado nas ruas, dos ratos que proliferam, da devastação das áreas verdes e destruição das "pontes" da cidade com a natureza e a vida.
Como sair dessa camisa-de- força? Os candidatos bem situados nas pesquisas pregam o voto útil. O eleitor desavisado é instado a "não perder" o seu voto. Afinal, a quem serve o voto útil? Certamente, muito mais aos "caciques" políticos que se revezam no poder do que aos "índios" (eleitores), que acabam sendo induzidos ao conformismo com os resultados já "decretados" pela "ditadura" das pesquisas. Enquanto a propalada "reforma política" não vem e o "seu Lobo" continua voraz, resta ao eleitor consciente analisar a "ficha" de seu candidato e votar "limpo". À falta de melhores opções que, pelo menos, descarte os candidatos "sujões" e os "doutores com mestrado e Phd na "universidade da enganação". Boa sorte!
--------------------------------------
FRANCISCO SIDOU é jornalista
Na verdade as Eleições 2008 estão mais para Enrolações 2008. Os candidatos não apresentam suas propostas com clareza. O que mais vemos nas propagandas e nos debates são as trocas de farpas. A população já está cansada de beijos, abraços e promessas, ela clama por políticos que venham solucionar os problemas da caótica/neurótica Região Metropolitana de Belém.
ResponderExcluirNo dia 05 de outubro vamos lembrar que uma cidade não pode ser governada por abraços calorosos e sim por soluções e práticas viáveis.
Votemos com consciência!!!!
Concordo com o articulista. Essa história de ter candidato garantido para o segundo turno é apelação execrável. Esta eleição está muito diferente das outras, pois há uma pluralidade díspare de candidatos. Os grupos, através de seus meios, manipulam acintosamente os números apresentados e parte da população tende a cair nessas tenebrosas teias do oportunismo. Por isso, tenhamos coragem para dar novos rumos para nossa Belém. Todo mundo reclama de quase tudo nesta cidade, mas alguns esquecem este momento de extrema importância: a hora de prestar contas com quem realmente se deve, o cidadão.
ResponderExcluirBoa noite, Paulo e Francisco;
ResponderExcluirObrigada por essa boa reflexão. Alivia a alma.
O voto do primeiro turno é o voto no melhor. O voto em quem cada um quer que seja o gestor da sua cidade.
Voto útil era uma estratégia justa na ditadura, do tipo, se não pode ser tú, vai ter que ser tú.
Hoje não. Conquistamos o direito do voto útil, mas útil para dizermos chega, basta, me "inclui fora" da corrupção, da bandalheira, da incompetência e da mediocridade.
Meu voto útil é Jordy 23.
Um abraço pro dois.
Olá, Bia.
ResponderExcluirVocê andava sumida.
Já estava para colocar aqui no blog um aviso na coluna "Perdidos" (rsssss).
Bom retorno. E bons comentários.
E boa eleição, é óbvio.
Abs.