Trecho do comentário de Bia sobre o artigo Ao vencedor, os pepinos!, de Francisco Sidou:
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Assim, explica-se uma eleição onde o candidato falava de uma cidade quase fictícia e os moradores dela enxergaram o que não vimos. O que não vimos, porque faz parte do nosso cotidiano, foi o asfalto na porta de quem morou sempre no lamaçal e arregaçava as calças e levava os sapatos na mão para chegar limpo ao trabalho. E, de repente, numa manhã, pode sair e voltar calçado de casa. E esse homem ou mulher, idoso ou jovem, ainda que a saúde pública seja aquela que permitiu que seu vizinho morresse em frente às câmeras da televisão, acreditou que estava parcialmente contemplado nas suas necessidades. E, estava. E uma lição que jamais aprendemos é que a necessidade de cada um parece ser diferente daquilo que nós, os cidadãos do primeiro céu, enxergamos.
Nós, os do andar de cima, como diz o Elio Gaspari, olhamos o péssimo funcionamento do Posto de Saúde ou da escola pública com os olhos alheios: quem sabe, pelos comentários da nossa diarista ou do porteiro do prédio. Outras vezes pelos flashes da TV. Mas nos encurralamos nas nossas falsas proteções - o nosso plano de saúde, a nossa escola, o nosso caro, o nosso condomínio - e achamos que basta a consciência que temos da necessidade de mudança para que ela aconteça, como divina osmose.
Mas, não estamos lá no calor da luta na hora em que ela se dá. Abrimos mão de lutar coletivamente pela escola pública de qualidade - colocamos até às vezes nossos filhos numa escola privada de duvidosa qualidade, mas privada! - pela saúde pública decente, ainda que se vá pras unimeds enfermarias que em nada diferem do SUS - mas é Unimed!!! - porque nos envergonhamos do serviço público, como se ele fosse obra dos governantes e sina dos pobres.
É à nossa vã indiferença que Duciomar deve sua eleição.
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Concordo em gênero, número e grau.
ResponderExcluir"(...) que em nada diferem do SUS."
ResponderExcluirEm razão de meu trabalho, realizei várias inspeções em hospitais públicos e postos de saúde da capital. Por conta disso afirmo: nem se compara ao SUS.... Só quem nunca passou mais de 10 minutos nesses açougues é que pode colocar em pé de igualdade a Unimed e o SUS....
Caro anônimo das 13:02:
ResponderExcluirnão passei por açougues, mas jáutilizei os seviços dos Postos de Saúde da Pedreira, do Marco e do Telégrafo. No que se refere às pessoas e não ao material e equipamento necessários,algumas vezes fui melhor atendida neles do que nas consultas "por ordem de chegada" do plano de saúde.
Ordem de chegada o SUS também dá. E, aparentemente, de graça. O tempo que o médico conveniado do "plano básico" leva com seus pacientes não tem deixado nada a dever ao tempo que o médico do serviço público dispensa aos seus.
A comparação, embora exagerada, reconheço, não foi tão infeliz.
Um abraço.