sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Preso chefe do crime no Aurá

No AMAZÔNIA:

O homem acusado de comandar o crime e até as atividades de catadores e atravessadores no lixão do Aurá, em Ananindeua, foi preso ontem pela equipe do Grupo de Polícia Metropolitana (GPM), comandada pelo delegado Eder Mauro. Anderson Oliveira das Chagas, o 'Jabuti', de 22 anos, já era procurado pela polícia há muito tempo. Contra ele existem quatro mandados de prisão decretados pelos crimes de homicídio e tráfico de drogas. Ele foi detido na tarde de ontem, juntamente com mais quatro homens, em um bar localizado no conjunto Panorama XXI, na Nova Marambaia.
Segundo Eder Mauro, 'Jabuti' e seu grupo, de pelo menos dez pessoas, lideravam a área do lixão do Aurá. Era 'Jabuti', por exemplo, que decidia quem podia ou não catar lixo, o que catar, para quem vender e como. Era ele também quem autorizava os atravessadores a irem até o local para comprar dos catadores. Além disso, Anderson também liderava o tráfico de drogas e seria o responsável por diversos homicídios. Ele assumiu que já assassinou duas pessoas. 'Eu já matei sim, mas foram dois bandidos', frisou.
'Jabuti' confessou que vendia entorpecente no lixão do Aurá e foi contraditório quanto ao comando na atividade dos catadores de lixo. Em alguns momentos disse que autorizava ou não algumas pessoas a trabalharem na área, mas apenas para garantir a segurança e organização no lixão. Outras vezes, negou que fosse o 'chefão'.
O delegado Eder Mauro disse que a polícia estava no encalço do bando há muito tempo. Ontem, a equipe recebeu a informação que alguns dos integrantes do grupo de 'Jabuti' se reuniriam para almoçar em um bar do conjunto Panorama XXI. No local, foram detidos cinco homens, mas a participação de dois deles no esquema ainda seria confirmada.
Edmilson Von Grapp de Lima, de 37 anos, disse que trabalhava como atravessador na área do lixão. Ele disse que comprava alumínio dos catadores e os revendia para um segundo atravessador, que por sua vez revendia para empresas e fábricas. Edmilson contou que há mais de uma semana havia sido proibido por 'Jabuti' de continuar com as atividades no lixão do Aura e se insistisse seria morto. 'Ele me proibiu de comprar alumínio de lá e eu liguei para ele marcando um encontro pra resolver esse problema. Por isso nós estávamos hoje lá no Panorama XXI', contou.
Com Edmilson foram encontrados diversos documentos de banco, que comprovavam saques da conta corrente dele. Os saques iam de R$ 400 a R$ 17 mil. O saque maior, no valor de R$ 17 mil, foi feito ainda este mês de setembro e o acusado disse que o dinheiro seria para comprar um carro. Os outros tinham valores diversos, como R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 3 mil. Edmilson contou que o dinheiro em sua conta era referente às vendas de alumínio, e que fatura cerca de R$ 1 mil por dia. 'Ali (Aurá) é uma fortuna em forma de lixo', disse um investigador do GPM. Edmilson confirmou que 'Jabuti' comanda toda a área do lixão. 'Não é qualquer um que entra lá. Só trabalha quem tem autorização do Jabuti', disse.
Segundo Eder Mauro, existem diversas acusações contra 'Jabuti', referentes a homicídios ocorridos em Ananindeua e Marituba, sempre com ligações com as atividades do lixão do Aurá. Acredita-se que o bando dele é formado por pelo menos dez pessoas e que ele atua na área há cerca de quatro anos. Entretanto, 'Jabuti' afirmou que eram cinco integrantes, mas dois foram mortos em confronto com a polícia.
O delegado também afirmou que existe uma denúncia de que Anderson é o responsável pelo sumiço de um rapaz dentro do lixão, em maio deste ano. Segundo as informações repassadas à polícia, 'Jabuti' teria atirado três vezes no jovem e depois o enterrado lá mesmo no lixão. 'A mãe do rapaz até hoje procura a polícia, pois quer saber pelo menos onde está o corpo do filho', disse o delegado.

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