segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Raimundo Ribeiro solta o verbo contra Artur

No AMAZÔNIA:

Aos sábados, Raimundo Ribeiro costuma ir à sede social azulina para jogar sinuca. Mas, no último fim de semana, o presidente do Remo tinha outro compromisso. Precisava conversar com beneméritos e colaboradores do clube. Assunto: o sucessor de Artur Oliveira no comando da equipe. Antes, concedeu entrevista para os jornais das Organizações Romulo Maiorana. Durante a conversa, o dirigente não revelou o nome do novo técnico, mas desabafou sobre os motivos que levaram à demissão do último treinador do Leão.
Com uma hora de atraso, Raimundão, como é chamado pelos mais íntimos, chegou à sede, cumprimentou os associados e sentou-se à mesa do restaurante. Antes de responder às perguntas, chamou Sérgio Dias, o representante do clube na Federação Paraense de Futebol. É típico de Raimundo Ribeiro estar sempre acompanhado por outros dirigentes. Fosse corrupto - e não é, até que provem - pareceria aqueles gângsteres italianos. Os dois se acomodaram e o presidente falou por meia hora.
Aos 62 anos, Raimundo Ribeiro manda e desmanda no Remo. Na última quarta-feira, provou quem é o verdadeiro 'Rei' quando depôs Artur Oliveira sem dó nem piedade, contra tudo e contra todos. Para isso, peitou o elenco inteiro. Mas usou de boa estratégia. Logo após a demissão, pagou os salários atrasados de jogadores e funcionários. De bolsos cheios, todos calaram-se e o clima de paz voltou ao Baenão. Ao menos em parte. Os 'líderes' do elenco continuam insatisfeitos, mas não fazem cara feia.
Déspota ou não, Raimundo mantém o clube sob circunstâncias desfavoráveis. Os processos trabalhistas, de administrações passadas e da atual, ficam com pelo menos metade da renda do Leão, mantido por colaboradores e patrocinadores. As dificuldades, porém, não servem de desculpa para erros na gestão do Remo. E, segundo os críticos mais ferrenhos, Ribeiro pisou na bola e demitiu Artur Oliveira em hora inoportuna. A prova dos nove será a partida contra o Holanda/AM, no próximo domingo.

A poeira levantada pela saída do técnico Artur Oliveira sentou?
Com certeza. No Pará, a imprensa respira futebol. Mas, se você for no Baenão agora, está só alegria. Todos estão treinando felizes da vida.

O time vai classificar à terceira fase da Série C?
Podíamos estar classificados, mas empatamos três jogos. Mesmo assim, o clube tem condições para se classificar. O torcedor pode ficar tranqüilo.

É, mas os próprios jogadores falaram que a demissão de Artur Oliveira abalou o grupo. Foi a hora certa?
Passou da hora. O Artur não estava falando a mesma língua da diretoria. Queria conquistar os jogadores e a torcida colocando todos contra a diretoria. O Remo vai jogar em casa. Temos estrutura para manter o time até o jogo.

A demissão de Artur Oliveira era questão de tempo?
Estávamos tratando esse assunto com cuidado porque o Artur não tinha um bom relacionamento com a diretoria. Ele queria tumultuar.

O senhor ficou chateado com o Artur?
Tem um lugar no inferno para os ingratos. Demos todo o apoio, mas ele não soube retribuir. O Remo viajava, ficava em hotel cinco estrelas, mesmo assim ele reclamava.

O Remo deve algo ao antigo técnico?
Tanto o Artur deu para o Remo quanto o Remo deu para o Artur. Agora, ele tem reconhecimento nacional e até internacional.

E ficou chateado com o elenco, que o deixou sozinho no Baenão?
Muito chateado. Mas eles estavam num momento de emoção, viram o choro do Artur. São novos e se envolveram emocionalmente. Não guardo mágoa.

Quem é o novo técnico?
É um sem-nome. O que posso afirmar é que chega na segunda-feira. Só não chega se o avião cair.

Por que não contrata um técnico regional?
Está claro que treinadores daqui não dão certo. O torcedor não gosta, parte da imprensa não gosta.

Não parece incorreto trazer novidades para o elenco sem ao menos pagar o salário dos contratados?
Se o time está precisando de um centroavante, precisamos contratar. Mau resultado é que dá prejuízo. Se tiver vitória, o Remo joga até o fim do ano. O Artur criticou a diretoria, mas virou a noite jogando baralho com os jogadores em Lucas do Rio Verde/MT. Me diz, isso é comportamento de um profissional?

Por que os salários atrasam tanto?
Metade da renda dos jogos é bloqueada pela Justiça do Trabalho e pela Justiça comum, as despesas aqui são as maiores do Brasil. Agora, temos o patrocínio da Unimed e da Cerpa para ajudar. Só neste ano, o Remo pagou mais de R$ 700 mil à Justiça do Trabalho.

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