Representantes de comunidades tradicionais de Juruti, no oeste do Pará, anunciaram ontem que vão encaminhar a instituições governamentais e ao Ministério Público uma mensagem de repúdio à forma como a mineradora Alcoa trata os ribeirinhos do município. A decisão foi tomada depois que o presidente da empresa na América Latina, Franklin Feder, atrasou-se em mais de duas horas para uma reunião à qual cerca de 80 pessoas tinham ido para discutir problemas gerados pela instalação da empresa na região.
A reunião tinha sido programada para a tarde desta quarta-feira, mas foi cancelada devido ao atraso da empresa. "Foi um desrespeito com a associação, com as 40 comunidades que ela abrange, com o Ministério Público e com os governos Federal e do Estado, que também estavam representados lá", critica o presidente da Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (Acojurve), Gerdeonor Santos.
Segundo ele, a associação vai relatar oficialmente o fato aos Ministérios Públicos Federal e do Estado, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), ao Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgãos envolvidos na discussão sobre os impactos socioambientais ocasionados pela mineradora. "Não é de hoje que a Alcoa vem nos desvalorizando como moradores tradicionais", diz Antônio Marcos de Souza, integrante da diretoria da Acojurve.
A afirmação é confirmada pela promotora de Justiça Eliane Moreira, que atua no caso. "No nosso ponto de vista, esse tratamento desrespeitoso da empresa para com a população tem se repetido sempre", observa a promotora. "Não é um desrespeito só com os moradores de Juruti, mas sim com toda a dinâmica social da Amazônia", complementa.
Desde 2005 tramita na Justiça uma ação civil pública ajuizada pelos Ministérios Públicos Federal e do Estado questionando a licença ambiental concedida à empresa. Na ação é apontada uma série de falhas no estudo de impactos e a ausência de previsão de impactos importantes, como os socioeconômicos e os que afetavam as comunidades tradicionais do distrito de Juruti Velho, região mais próxima da mina de bauxita.
Apesar de o Tribunal Regional Federal da 1ª Região já ter decidido que a ação deve ser julgada na Justiça Federal, o processo continua na Justiça Estadual porque a empresa recorreu da decisão. Esse recurso ainda não foi julgado.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MPF
Notícia do site www.paranegocios.com.br: Ao “Pará Negócios” o dirigente da Alcoa informou que ele e toda a comitiva da Alcoa – integrada também por seu presidente mundial Klaus Kleinfeld e pelo presidente de seu Conselho de Administração, Alain Belda -, compareceram a Juruti Velho, ainda que com duas horas de atraso. “Em frente de toda a comunidade, eu pessoalmente me desculpei quatro vezes, expliquei o por que do atraso de duas horas e solicitei – para não dizer implorei – que entendessem os motivos do atraso e que ficássemos lá conversando, para que os membros do Conselho da Alcoa pudessem ouvir os moradores de Juruti Velho. Infelizmente a liderança da comunidade resolveu interromper a reunião e não permitiu que a comunidades sentasse com toda a comitiva da Alcoa para que pudéssemos ter um diálogo construtivo”, afirmou Feder.
ResponderExcluirEle lamentou muito pelo atraso, “assim como lamento muito a decisão da liderança de cancelar a reunião, mesmo com a nossa presença e reafirmo o nosso comprometimento com o diálogo com Juruti Velho”. Feder disse que na manhã desta quinta-feira a comitiva da Alcoa conversou durante duas horas e meia com toda a representação do Conselho Juruti Sustentável, ”num processo muito positivo de diálogo e compartilhamento”. “Isso não quer dizer que só tenhamos ouvido elogios. Pelo contrário, as reclamações e pedidos foram até maiores que os elogios. Mas foi um momento de diálogo positivo. É esse o nosso compromisso com todo o município de Juruti”, afirmou. Para ele, esse episódio não deverá afetar o relacionamento da empresa com a comunidade.