segunda-feira, 30 de junho de 2008

Grávida de gêmeos é liberada e perde bebês

No AMAZÔNIA:

Mais dois bebês morreram ontem na Santa Casa de Misericórdia do Pará, subindo para 22 a trágica estatística de crianças que vieram a óbito no intervalo de uma semana. Os gêmeos do sexo masculino completariam nove meses na próxima segunda-feira caso a mãe, vinda de Muaná com gravidez de risco, não tivesse sido liberada pelos médicos do hospital na última quinta-feira, sob a alegação de que estavam fora de perigo. Ela retornou na madrugada de ontem já com os dois provavelmente mortos em seu ventre e essa é mais uma questão a ser respondida pela comissão de intervenção nomeada no último sábado pela governadora Ana Júlia Carepa, o que resultou na exoneração do então diretor da Santa Casa, o médico Anselmo Bentes. A presidente da comissão que pretende averiguar e reparar os problemas na Santa Casa, Sílvia Comaru, promete até às 18 horas de hoje anunciar quais serão as primeiras medidas a ser adotadas para acabar com as mortes que já se tornaram descontroladas, inexplicáveis e tiveram repercussão nacional.
A jovem Michele Progênio, 18, mãe solteira dos gêmeos, veio transferida de Muaná após ter passado mal e os médicos diagnosticado que ela, com gravidez de risco, necessitava de uma cirurgia de emergência para a retirada das crianças. Michele chegou na última segunda-feira para internação imediata, mas acabou sendo liberada na quinta-feira, seguindo para a casa de parentes na capital. Por volta das 5h30 de ontem ela levantou para urinar e percebeu a hemorragia. Retornou para a Santa Casa e recebeu a notícia de que seria submetida a uma cesariana para tirar os gêmeos já mortos.
'Eles dizem que os bebês já chegaram mortos ao hospital, mas como é que podem ter morrido no intervalo de dois dias, se na quinta-feira disseram que ela poderia ir embora para casa, que estava tudo bem? Se encaminharam ela lá de Muaná é porque aqui em Belém tem mais recurso para garantir a vida das crianças. Era para a Michele ficar internada e para terem tirado logo esses bebês. Acho que eles morreram por culpa do médico que fez uma avaliação errada', revolta-se a prima Sônia Souza Progênio. 'Tinham que mandar para casa por quê? Para que morressem lá? Disseram na quinta-feira que eles estavam bem', esbraveja.
Pela avaliação de Sônia, os bebês, com mais de 1,9 kg cada, conseguiriam sobreviver se a cesariana tivesse sido feita a tempo. 'Eles já estavam todos formados e bem. Iam se salvar com certeza. Ainda assim, o médico da Santa Casa disse que não havia necessidade da Michele ter os bebês prematuros, que dava para ela esperar completar os nove meses', relata a prima. 'Eu, inclusive, discuti com o médico porque ele informou que ela tinha passagem para ter os dois de parto normal. Eu disse a ele que gêmeos, desse tamanho, tinha que ser por cesariana'.

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