segunda-feira, 2 de junho de 2008

Belo Monte virá, apesar dos índios

No Blog do Brasiliense, sob o título acima:

 

Empreiteiras como a Camargo Correa e a Andrade Gutierrez, incluídas entre as maiores do país, estão trabalhando no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto de Meio Ambiente (Rima) da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, sudoeste do Pará. O projeto da Eletronorte foi concluído na gestão do engenheiro José Antonio Muniz Lopes, o mesmo que, como diretor de Operações da estatal, enfrentou o terçado da índia caiapó Tuíra em fevereiro de 1989, no I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Muniz Lopes, um técnico de reconhecida competência no setor, é amigo do senador José Sarney (PMDB-AP), que o indicou para a presidência da Eletrobrás, cargo que ele ocupa atualmente. Muniz Lopes, como a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil da Presidência da República, e o ministro maranhense das Minas e Energia, Edison Lobão, são entusiastas de Belo Monte, que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende licitar ainda em seu governo. Belo Monte será vital, no futuro, para a interligação dos sistemas Norte-Centro-Oeste-Sudeste-Sul da Eletrobrás, para socorrer o "Sul maravilha" diante da iminência de um apagão na próxima década. Belo Monte, se for mesmo construída - e todos os indicativos mostram que dificilmente o Ministério Público Federal e o Poder Judiciário terão força e argumentos jurídicos para brecá-la. A energia a ser gerada por Belo Monte atenderá grandes projetos do setor

mineral, principalmente as fábricas de alumínio, grandes consumidoras, mas trará poucos benefícios para a população da chamada Amazônia Legal, que engloba nove Estados da Federação. O risco é acontecer o que houve em Tucuruí, onde a maior usina hidrelétrica barrou o rio Tocantins para, numa primeira fase, atender às fábricas da Albrás, em Barcarena, no Pará, e da Alumar, da Alcoa - associada à Camargo Corrêa - em São Luís, Maranhão.

Esse relato traz à memória o relato do caboclo de Breu Branco, município vizinho a Tucuruí, que por muitos anos consumia diesel para a produção de energia elétrica vendo sobre a cabeça passar a linha de transmissão levando energia de Tucurui até o Maranhão. Ele via o linhão de dentro de sua casa, iluminada a candieiro a querosene.

Como na crônica de uma morte anunciada, de Garcia Marquez, todos sabiam que o cabra estava marcado para morrer e ninguém fez nada para impedir.

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