quinta-feira, 29 de maio de 2008

Nery diz que Ana Júlia não honra sua militância sindical

Em pronunciamento no Senado, o senador José Nery (PSOL-PA) acusou o governo do Estado de manter uma postura intransigente em relação à greve dos professores da rede de ensino que já dura mais de 30 dias.
Ele também cobrou da governadora Ana Júlia Carepa medidas concretas que não apenas dêem um encaminhamento mais democrático às negociações com os professores como identifiquem na chefa do Executivo alguém que, como ela, militou intensamente na vida sindical.
“O prolongamento do impasse se deve à postura de intransigência do governo do Estado, que desde o início optou pela estratégia do confronto e de criminalização do movimento grevista”, criticou Nery.
Ele chamou atenção para o fato de que os professores passam por “enorme frustração e desencanto”, sobretudo por causa das “revoltantes cenas de espancamento de dezenas deles, pela tropa de choque da Polícia Militar, em um dos vários conflitos que se registraram ao longo deste tumultuado período.”
Grande parte dos professores e funcionários da Secretaria de Estado de Educação, acrescentou o senador, “não esperava receber esse tipo de tratamento, muito menos que a governadora Ana Júlia, outrora uma militante do movimento sindical dos bancários do Banco do Brasil, tivesse a iniciativa, ainda nos primeiros dias de paralisação, de acionar a Justiça contra a greve, o que acabou funcionando como um combustível para a continuidade e radicalização do movimento.

Escolas sucateadas
O senador considerou justa a pauta de reivindicação apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). Entre as reivindicações, destacou a necessidade de recuperação das perdas salariais dos trabalhadores, que já se aproximam os 70%, a recuperação das escolas totalmente sucateadas, a solução para os problemas com transporte escolar nos municípios do interior do Estado, a formação de uma comissão paritária que possa elaborar e aprovar com a máxima urgência um plano de cargos e carreiras que atenda aos interesses dos trabalhadores e o tíquete alimentação no valor de R$ 400,00.
“Infelizmente, até agora o governo sinalizou apenas com o risível reajuste de R$ 0,25 por hora aula e um auxílio alimentação de R$ 50, muito longe das justas aspirações da categoria. Para agravar o quadro, permanece a ameaça de medidas repressivas como o desconto dos dias parados e a imposição de multa diária de R$ 10 mil contra o sindicato. Está, assim, desenhado um cenário de confronto e de intolerância, que somente poderá ser desfeito com a imediata mudança na condução do processo negocial por parte do governo Ana Julia”, destacou o senador.

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