sexta-feira, 30 de maio de 2008

Garotinho formou quadrilha com ex-chefe da polícia, diz PF

Na FOLHA DE S.PAULO:

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho e o deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins, ambos do PMDB, foram acusados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal de integrar uma "organização criminosa" que usou a estrutura da segurança do Rio para praticar corrupção, extorsão, facilitação de contrabando e lavagem de dinheiro com propósito de enriquecimento pessoal e arrecadação para campanhas políticas.
Lins e seis pessoas -entre familiares seus e policiais com quem trabalhou- foram presos e três outros policiais estavam foragidos. O sucessor de Lins na chefia da Polícia Civil, Ricardo Hallak, se entregou na noite de ontem. Não havia mandado de prisão contra Garotinho (denunciado sob a acusação de formação de quadrilha armada), mas agentes da PF fizeram buscas e apreenderam computadores e documentos em suas casas em Campos (norte fluminense) e em Laranjeiras (zona sul do Rio).
O superintendente regional da PF, Valdinho Jacinto Caetano, afirmou, sem citar nomes, alegando segredo de Justiça, que a "quadrilha" tinha um chefe político, "um chefe maior", e um chefe político-operacional, que controlava policiais. O único político denunciado foi Garotinho. De acordo com a PF e o Ministério Público, o esquema dava cobertura e proteção a empresários sonegadores de impostos e a empresários de caça-níqueis e jogos de azar. "O foco da quadrilha era nomear determinados delegados para chefiar delegacias mediante compromisso de repassar pagamento mensal", disse Caetano.
Principal alvo da PF, que o investiga há ao menos um ano e meio, Lins foi preso em seu apartamento, em Copacabana, em flagrante, após a apreensão de documentos de propriedades que seriam suas de fato, mas registradas em nome de parentes da mulher, Sissy Bullos (ela e mais três da família foram presos e denunciados), e de outras pessoas. Os bens estão sob a custódia da Justiça.
Deputado, Lins só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável. A Folha apurou que a Justiça Federal, na decisão, afirmou ver indícios suficientes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, em "situação flagrancial". Para a PF, foi um sinal de que poderiam dar voz de prisão a ele se houvesse no apartamento elementos que confirmassem as suspeitas.
"Em várias delegacias, os denunciados faziam vista grossa a condutas ilegais em troca de altas quantias", afirmou o procurador Maurício Ribeiro, segundo quem Garotinho dava respaldo político ao grupo. "Sem sua participação, a quadrilha não conseguiria exercer as atividades ilícitas", disse. De acordo com o procurador Paulo Corrêa, Garotinho nomeava de acordo com a vontade do grupo. "Se tinham interesse em determinada delegacia, que permitiria extorquir empresários, para colocar delegado, isso tinha que passar pelo crivo de Garotinho", afirmou.

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