Um representante comercial de Belém, com vários anos de experiência, vai trocar de ramo. Não agüenta mais. Tem medo – que já caminha para o pavor - de ser preso – de ser preso ou de estar sendo alvo de escuta, nesta grampolândia nossa de cada dia. Somente no ano passado, foram 490 mil grampos autorizados pela Justiça.
A exasperação do profissional chegou ao patamar do insuportável por causa do nível de assédio: “Essa história de 20% já não existe mais. Agora pedem pela cara” – segreda o representante.
O refinamento dessa podridão toda permite que um escritório funcione especificamente para dar andamento a licitações que envolvem altas somas de recursos para um órgão público. Funciona mais ou menos assim.
O responsável- vamos chamá-lo assim – pelo escritório chama um empresário e acerta com ele que será o ganhador do processo licitatório xis, cujo edital ainda vai sair em 30 dias.
O empresário é orientado a ligar para um fabricante e convencê-lo a emitir uma carta comprometendo-se a fornecer o equipamento xis apenas para aquele empresário que contactou com ele, por orientação do responsável pelo tal escritório.
Quanto o edital é divulgado, trinta dias depois, e outros empresários querem entrar na disputa não conseguem mais. Pelo simples fato de que o fabricante já emitiu a carta para o empresário que primeiramente a recebeu, por orientação expressa do responsável pelo escritório. O “rateio” das vantagens é combinado depois.
Entenderam? Todo mundo entende. Inclusive o representante comercial, que não agüenta mais a contaminação do setor.
Como eu venho dizendo: taí o governo de mudança.
ResponderExcluirAntonio Fernando
AF,
ResponderExcluirMudanças de algumas "esquemas" (rsss).
Abs.