segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Segurança da filha de Lula gastou R$ 55 mil em cartão

Na FOLHA DE S.PAULO:

Usando um cartão de crédito corporativo do governo federal, um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gastou, em Florianópolis, onde ela mora, quase R$ 55 mil nos últimos nove meses em lojas de autopeças, materiais de construção e de ferragens, supermercados, livrarias, combustível e em uma casa de venda de munição.
Os gastos foram feitos entre abril e dezembro de 2007 no cartão da Secretaria de Administração do Planalto cedido a "João Roberto F Jr" -identificado pelo CPF como João Roberto Fernandes Júnior.
Segundo o ministro Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), as despesas do funcionário são de natureza sigilosa e não deveriam ter sido publicadas no site Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União (CGU). "No meu nome, eu tenho certeza de que não vão aparecer irregularidades. Vão aparecer gastos que estão comprovados no Tribunal de Contas e eu não tenho o que dizer nesse sentido", disse Fernandes à Folha.
A grande parte dos gastos foi feita em lojas de peças para veículos e de construção, especialmente a Comércio de Autopeças Badu Ltda., onde foram pagos R$ 16,3 mil no total. O GSI afirmou que a justificativa de cada despesa será explicada a partir de quarta-feira, depois do feriado de Carnaval.
Segundo Félix, os gastos com peças podem se referir à manutenção da frota de carros e as despesas com materiais de construção, à instalação de sistema de segurança -há no portal gastos específicos em pelo menos duas empresas de sistemas de alarme e segurança, a Khronos e a Alarm System Distribuição e Treinamento. "Não deveria ter sido publicado, mas foi. É um problema administrativo", disse Félix. Os cartões estão listados na Secretaria de Administração por ser esse o órgão que aprova os gastos, afirmou o ministro.
Houve um aumento expressivo nos gastos do pessoal de segurança de Lurian em Florianópolis. Antes de Fernandes, as despesas na capital catarinense eram listadas no cartão do servidor Jadir José Duarte. De fevereiro de 2006 a maio de 2007, ele gastou R$ 37,6 mil.
Após a troca de um pelo outro, a média mensal saltou de R$ 2.296 para R$ 6.097. Jadir não foi localizado pela Folha. "Eles fazem tudo. Quem trabalha lá faz tudo. Mas, além da segurança, tem um encarregado da parte administrativa, exatamente para ter centralização e controle", disse Félix. Fernandes se recusou a detalhar a natureza de seu trabalho.
Disse apenas que é "ecônomo" (funcionário que cuida de gastos) do escritório da Presidência em Florianópolis, mas se recusou a fornecer telefone da representação ou explicar onde gastou o dinheiro. A Secretaria de Imprensa do Planalto informou que não irá se manifestar sobre "temas relacionados à segurança do presidente ou seus familiares".


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